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Selic deve subir a 12,25% a.a. em 2025

Por Marcello Sigwalt

A taxa básica de juros (Selic) deverá continuar em ascensão, pelo menos, até março do ano que vem, embora não seja necessário prosseguir no aperto monetário por mais algum tempo. A observação atenta é da ex-diretora do Banco Central e atual chefe de pesquisa econômica para a América Latina do BNP Paribas, Fernanda Guardado, para quem não haveria 'exagero' nas altas recentes das taxas de juros futuros, negociadas no mercado.

Ao comentar a recente elevação, em 0,25 ponto percentual (para 10,75% ao ano) da Selic, o BNP trabalha com o cenário de mais dois aumentos de meio ponto percentual na taxa básica de juros, para as duas últimas reuniões do ano, seguidos por mais duas elevações, em janeiro e março do ano que vem, até o patamar de 12,25% ao ano.

Na a avaliação de Fernanda, "acho que o Banco Central vai precisar esperar até março pelo menos para começar a ver números que tragam maior conforto para terminar o ciclo de juros", ao admitir que o começo de 2025 deverá exibir um 'cenário de inflação ainda bastante pressionada'. "Sempre enxergamos o risco de eles precisarem ir além, ou com mais 50 possivelmente em janeiro, ou entregando mais aumentos de 25 nos meses subsequentes. Vai depender muito de como os dados vão estar saindo no primeiro trimestre de 2025", afirmou. Entre os riscos a serem enfrentados pelo BC, a ex-diretora da autarquia ressalta, como 'ponto de atenção' o mercado de trabalho forte e do aumento da renda, o que estimula a inflação de serviços.

Fernanda comenta que "observamos que a inflação de serviços não tem diminuído, parece que ela atingiu um platô e ali ficou, em torno de 5%. Então, eu acho que esse foi um dos fatores que levou a essa decisão do Banco Central de voltar a subir juros, sem dúvida". Neste aspecto, o BNP estimou uma inflação de 4,7% para 2023 e de 4% em 2025, 'encostando' no teto da meta, de 4,5%.

Em discordância com Haddad e Campos Neto (haveria exagero nos prêmios de risco na parte longa da curva de juros futuros), a executiva 'é um reflexo de incertezas pela sustentabilidade da dívida pública'.