Déficits primários estão 'distantes' da meta fiscal

Acumulado anual bate R$ 100 bi, bem acima dos R$ 29 bi projetados

Por

Por Marcello Sigwalt

Se considerados os resultados fiscais mais recentes, divulgados pelo Tesouro Nacional, nessa quinta-feira (3), os dados acumulados, tanto nos oito primeiros meses do ano, quanto em 12 meses, atestam que a meta de déficit primário zero para este ano, fixada pelo Planalto, está muito distante da realidade.

De janeiro a agosto de 2024, o governo central acumulou déficit primário de R$ 99,997 bilhões - 9,1% inferior ao observado, no mesmo período do ano passado - enquanto que, nos últimos 12 meses, as contas federais exibem saldo negativo acumulado equivale a um 'rombo' de R$ 227,5 bilhões ou a 1,98% do PIB. Em contraste, a meta governamental, mediante a aplicação de uma banda de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto), corresponderia a R$ 29 bilhões.

Até setembro último, a equipe econômica manteve a projeção de um déficit primário de R$ 28,3s bilhões, com margem de R$ 400 milhões, em relação ao limite inferior da meta.

No comparativo anual, o déficit primário apresentou recuo moderado em agosto, quando chegou a R$ 22,404 bilhões (menor resultado para o mês desde 2021), ante os R$ 26,730 bilhões exibidos, por igual mês do ano passado. O déficit de agosto, porém, superou a mediana das expectativas da pesquisa Prisma Fiscal do Ministério da Fazenda, que estimava um déficit de R 19,4 bilhões. Normalmente divulgados na última de setembro, os números de agosto sofreram atraso, devido à greve de servidores do Tesouro.

Tal resultado (que soma as contas de Tesouro, Banco Central e Previdência Social), vem em linha com o déficit de de R$ 22,4 bilhões, projetado por analistas da Reuters.

O avanço do déficit primário ocorre, a despeito da alta real (acima da inflação) de 6,2% na receita líquida - no comparativo anual, equivalente a R$ 148,934 bilhões.