Estabilidade requer superávits seguidos

Por

Nesse contexto, Solange aponta que o resultado primário, como um todo, é que influencia a trajetória da dívida bruta, uma vez que são necessários superávits recorrentes para que se obtenha estabilidade no endividamento. Como pressuposto para que tal estabilização se concretize, a diretora da UBS condiciona o que chamou de 'medidas estruturais de controle de gastos'. "Se só contarmos com redução de fraude e pente-fino, não vamos conseguir".

Solange vai mais longe em sua análise, acrescentando que 'as indicações são de que a disparidade entre o resultado primário 'carimbado' com meta e aquele efetivo deve continuar nos próximos anos, a exemplo do ceticismo do mercado em relação ao cumprimento do acordo entre Planalto e Supremo, no sentido de adiar, para depois de 2027, a inclusão de todas as despesas com precatórios na meta fiscal.

Sem considerar as despesas excluídas da conta primária, o que preocupa o economista do Itaú Unibanco, Pedro Schneider, são políticas públicas propostas fora do Orçamento, como o reforço eleitoreiro ao programa assistencialista batizado de 'Auxílio Gás'.

Como atestado do 'enfraquecimento' das regras fiscais brasileiras, Schneider lembra que experiências anteriores mostram um caminho disruptivo. "Em vez de mudar a regra fiscal inteira, os governos vão e mudam o que entra na contabilização da regra". Lançando mão da chamada "estatística paralela", o economista Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos observa que o governo, para atingir o piso da meta, inclui, como efeito positivo extraordinário os R$ 8,6 bilhões esquecidos em contas bancárias e outras instituições. (M.S.)