Por Marcello Sigwalt
Tocando na 'ferida', a Ata do Copom-BC (Comitê de Política Monetária do Banco Central) cobrou do Executivo, de forma explícita, "uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados, em conjunto com a persecução de estratégias fiscais que sinalizem e reforcem o compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos são importantes elementos para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de riscos dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária".
Como tais medidas não têm sido tomadas e, pior, adiadas, o colegiado admite maior aperto monetário, como segue: "O Comitê avaliou que o cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista" e que o aumento recente de 0,5 p.p. "reflete o compromisso de convergência da inflação à meta, essencial para a construção contínua de credibilidade".
'Trocando em miúdos', é factível ao mercado que o BC eleve em mais meio ponto percentual (0,5 p.p.) a Selic na reunião de dezembro, que então passaria a 11,75% ao ano.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, o Copom destacou: a desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado e a conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário (taxa de câmbio persistentemente mais depreciada).
Entre os riscos de baixa, a desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e impactos do aperto monetário sobre a desinflação global, mais fortes do que o esperado.