Provável corte de gastos 'turbina' a bolsa

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O cancelamento da viagem que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faria esta semana à Europa trouxe efeito oposto ao do anúncio, no fechamento da semana passada, de que se ausentaria de Brasília: relativa descompressão na taxa de câmbio e na curva de juros doméstica, ante a expectativa de que o governo esteja mais perto de, enfim, anunciar o aguardado pacote de cortes de gastos públicos. A permanência de Haddad no Brasil - um pedido que teria sido feito pelo próprio presidente Lula - se fez acompanhar nesta segunda-feira por sinais de que o governo acelerou os movimentos para entregar logo o pacote.

Assim, nesta abertura de semana, o Ibovespa mais do que reverteu a queda de 1,23% vista na sexta-feira, quando prevalecia a impressão de que o governo parecia não estar agindo com a urgência considerada necessária pelos agentes de mercado. Hoje, com melhor ânimo dos investidores, a mínima do dia (128.128,13) praticamente correspondeu ao nível de abertura, aos 128.129,60 pontos, tendo o Ibovespa chegado na máxima da sessão aos 130.608,79 pontos. No fechamento, mostrava alta de 1,87%, aos 130.514,79 pontos, com giro financeiro a R$ 19,4 bilhões. Nas duas primeiras sessões de novembro, o índice da B3 sobe 0,62% - no ano, cai 2,74%.

Foi a maior alta diária em porcentual para o Ibovespa desde 6 de fevereiro ( 2,21%), vindo o índice, hoje, de perdas nas quatro sessões anteriores.

"As atenções do mercado se voltam para o valor exato dos cortes que serão anunciados pelo governo - de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões", diz Inácio Alves, analista da Melver, mencionando também a espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta (6), quando a Selic deve subir em meio ponto porcentual.

"Dá pra dizer que é uma das semanas mais aguardadas do ano, com decisão sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil, além da eleição americana e a expectativa de pacote fiscal que o ministro Haddad disse estar próximo - o que deu fôlego ao apetite por ações, hoje, com muito poucos papéis do Ibovespa destoando do sinal", diz Willian Queiroz, sócio e advisor da Blue3 Investimentos.