Mercado prevê que Copom elevará Selic para 11,25% ao ano
Expectativa é de que a taxa básica suba meio ponto percentual
Por Marcello Sigwalt
Em meio à expectativa crescente do anúncio, ainda que tardio, de cortes de gastos federais, o mercado financeiro já 'dá como certo' que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC), ao cabo de sua reunião de dois dias, promova, nessa quarta-feira (6), como esperado, aumento de meio ponto percentual da Selic (taxa básica de juros), que passaria de 10,75% ao ano para 11,25% ao ano. Esta previsão é quase unânime, entre as instituições financeiras e consultorias especializadas consultadas pelo jornal econômico Valor
Na visão do coordenador acadêmico da Fundação Getúlio Vargas, o economista Mauro Rochlin, na raiz da nova majoração está o aumento 'persistentemente fora da meta' da inflação. Secundariamente, Rochin, porém, admite as pressões exercidas sobre a economia pelo dólar, pela energia, pelo mercado de trabalho "muito aquecido" e por uma política fiscal "muito generosa". À Agência France Presse, o coordenador acrescenta: "Se a gente for reunir todos esses fatores a gente vai entender o porquê de uma decisão de 0,50%, o porquê que ela não seria muito difícil de se esperar".
Ainda preso à figura de 'bombeiro' que reduza, pelo menos em parte, a temperatura da tensão do mercado quanto ao fiscal, o Planalto insiste na tecla 'desgastada' de sua capacidade, jamais provada, de cumprir a meta fiscal. Fiel à essa 'coreografia' política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu suspender a viagem à Europa, prevista para esta semana a pedido do mandatário, tendo em vista 'finalizar' a definição do pacote de corte de gastos.
Na ponta do lápis, a inflação tupiniquim avançou 4,42% nos últimos 12 meses em setembro. Mas para o Focus, o IPCA para 2024 já teria chegado a 4,59%. Outro sintoma de que o Executivo 'perdeu a rédea' fiscal é a disparada do dólar a R$ 5,86, na sexta-feira (1º), 2º maior valor histórico, com valorização superior a 20% no ano.