A aviação comercial, cuja pedra fundamental é a segurança, enfrenta cada vez mais dificuldades com a proliferação das áreas em conflito, que implica zonas proibidas, ataques com mísseis e balas perdidas.
Desde o começo da aviação comercial, há registro de aviões que foram derrubados, destruídos por bombas ou sequestrados.
Contudo, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, os golpes de Estado na África e a proliferação de áreas onde não há controle de nenhum Estado estão criando um autêntico quebra-cabeça para o planejamento de rotas de longa distância, a um nível sem precedentes, segundo especialistas.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), que reúne mais de 320 linhas aéreas e habitualmente evita se pronunciar sobre temas políticos, aludiu à deterioração da situação.
No início de outubro, seu diretor-geral, Willie Walsh, pediu às partes em conflito que não ataquem aviões civis, "nem sequer nos momentos mais intensos das hostilidades".
No início de novembro, um avião da companhia americana Spirit Airlines, procedente da Flórida, foi atingido por disparos enquanto aterrissava na capital do Haiti, Porto Príncipe.
A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos proibiu no dia seguinte, pelo período de 30 dias, os voos de companhias americanas para o país caribenho.
Cada Estado tem liberdade de fechar ou restringir o acesso a todo ou parte de seu espaço aéreo. Por sua vez, as agências reguladoras nacionais de aviação civil podem proibir as aeronaves sob sua jurisdição de voar sobre determinadas regiões.
A combinação destas proibições ou recomendações de evitar certas áreas representa um desafio para as linhas aéreas ocidentais na hora de sobrevoar o Oriente Médio e a África, onde as cartas de navegação estão repletas de zonas marcadas em vermelho ou laranja: Israel, Líbano, Síria, Irã, Iraque, Iêmen, Sudão, Líbia, Mali…
Mais ao norte, a Rússia, o maior país do mundo, que compreende 11 fusos horários, proibiu em 2022 o sobrevoo de aviões europeus e americanos em resposta às sanções impostas pela invasão da Ucrânia.