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Ibovespa: o pior novembro em sete anos

Pior novembro, desde 2017, o Ibovespa - índice da bolsa brasileira - amargou uma queda de 3,12% - enquanto o dólar disparou 3,6%, chegando ao inédito patamar de R$ 6, maior valor nominal já registrado em um fechamento - performance que interrompeu, em definitivo, o ritmo de alta do mercado acionário tupiniquim, na reta final de 2024.

Como origem para esse desempenho adverso, o mercado aponta a extrema demora, quase letargia do governo em divulgar, afinal, o teor do pacote fiscal, com o prometido corte de gastos, a título de estabilizar a dívida pública. Quando isso ocorreu, na última quarta-feira (27) a decepção foi geral. Apesar da expectativa de economia de R$ 70 bilhões em dois anos de pacote fiscal, com medidas como restrições ao abono salarial e limite no reajuste do salário mínimo, o mercado foi surpreendido negativamente com a proposta de isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil - que deve trazer um impacto fiscal adicional. Logo, enquanto os investidores esperavam foco total no enxugamento das despesas, o governo propôs também mais um aumento de gastos. Isso azedou mais a confiança no Executivo e fez o dólar disparar. A moeda chegou a atingir R$ 6,11 na manhã desta sexta (29).

Os juros futuros também subiram, o que ficou visível no rendimento dos títulos públicos. O Tesouro IPCA com vencimento para 2029, que paga a variação da inflação mais uma taxa prefixada, está oferecendo um juro real de 7,17%. Este é o maior nível de rentabilidade registrado por esse papel. Na última década, em média, os títulos de inflação só ofereceram rendimentos reais iguais ou acima de 7%.