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Sobe percentual de famílias endividadas

Aperto monetário 'infla' a inadimplência das famílias | Foto: Agência de notícias da indústria

Por Marcello Sigwalt

Três em cada dez famílias brasileiras admitiram estar com dívidas em atraso. É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada, nessa quinta-feira (5), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao revelar que estão nessa situação 29,4% do universo consultado, maior percentual, desde outubro do ano passado.

De igual forma, cresceu o patamar de consumidores sem condições de quitar suas dívidas, de 12,6% para 12,9%, na passagem de outubro para o mês passado. Em novembro de 2023, este eram 12,5% do total.

Entre as conclusões, a Peic destaca alterações significativas nos tipos de crédito e no comportamento financeiro das famílias.

Na mesma escalada, o endividamento do consumidor avançou de 76,6% em novembro do ano passado, para 77% do total, no mês passado. Essa expansão, segundo o estudo, decorre do maior uso do crédito para compras de fim de ano, além de indicar uma gestão 'mais cautelosa' do orçamento. No que toca ao percentual de consumidores muito endividados, tal faixa recuou para 15,2%, menor patamar desde novembro de 2021.

Ao destacar a importância de prazos mais longos no planejamento financeiro familiar, em que o consumidor estaria buscando alcançar 'maior equilíbrio' em suas dívidas, o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros acentua que "o aumento sazonal do crédito é esperado nesta época do ano, mas o perfil mais equilibrado das dívidas indica uso mais consciente, com menor impacto na renda mensal".

No que se refere à perspectiva, as projeções da CNC indicam continuidade na evolução do endividamento em dezembro, como reflexo das compras de Natal, o que não deve impedir que a inadimplência continue estável, devido ao comportamento mais conservador das famílias, ante juros altos.

Sob o maior impacto da alta dos juros, o endividamento familiar na faixa de menor renda (até três mínimos), subiu para 81,1%, o que corresponde ao maior índice entre todas as faixas de renda.