Por Marcello Sigwalt
"O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista". Com base nesses argumentos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) decidiu, nessa quarta-feira (11), por unanimidade, elevar, em um ponto percentual (p.p.) - de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano - a taxa básica de juros da economia (Selic).
Ao justificar que sua decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, sem prejuízo ao objetivo de assegurar a estabilidade preços, o Copom antecipou, ante o cenário 'adverso', que pretende aplicar 'ajustes de mesma magnitude nas próximas reuniões'.
Mais adiante em seu comunicado, o colegiado admite 'estar acompanhado, com atenção', como o "desenvolvimento recente da política fiscal impacta a política monetária e os ativos financeiros", de modo que "a percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal [em referência ao pacote de corte de gastos, divulgado pelo Ministério da Fazenda] afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente, o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa".
O comitê entende que o cenário externo permanece 'desafiador', "pela conjuntura econômica nos EUA, suscitando dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e sobre a postura do Fed [Federal Reserve, o bc ianque]". Sobre a previsão do boletim Focus do BC, de 4,8% e 4,6%, para 2024 e 2025, respectivamente, o Copom entende que o 'horizonte relevante', o segundo trimestre de 2026, deve chegar a 4%.