Os juros futuros fecharam o dia em alta expressiva, com novo salto das taxas a níveis inéditos nos contratos de longo prazo. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 15,06%, de 14,89% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 15,05% para 15,52%. O DI para janeiro de 2029, a 15,27%, terminou na máxima histórica, de 14,61% no ajuste anterior.
O mercado vem há semanas numa espiral negativa, na qual a indefinição sobre o pacote de corte de gastos alimenta a alta das taxas e do dólar.
O BC voltou hoje a vender dólares à vista (US$ 1,628 bilhão), além da operação de venda com compromisso de recompra (linha), conseguindo limitar o avanço da moeda. A venda de dólares no mercado spot na semana passada já havia contaminado o DI, "ao deslocar o prêmio de risco do mercado de câmbio para esse mercado", segundo o estrategista-chefe da Warren, Sérgio Goldenstein.
O sócio-fundador da Oriz Partners, Carlos Kawall, lembra que o DI é um mercado mais vulnerável neste sentido. "Na bolsa, as próprias empresas podem anunciar compra de ações e no dólar, o BC tem um poder, via swap, linha, o spot etc. O Tesouro pode até entrar para defender a desvalorização dos títulos, mas tem atuação limitada", diz.
O trader de renda fixa da Connex Capital Gean Lima viu a dinâmica das taxas hoje ligada aos seguintes fatores: a piora da projeção do Tesouro para a Dívida Pública do Governo Geral (DBGG) e do déficit primário do governo central; leilão do BC; e a cautela com a agenda da semana que tem amanhã a ata do Copom e na quarta-feira a reunião do Federal Reserve.