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Ata do Copom justifica elevação inédita da Selic

Por Marcello Sigwalt

"A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. De fato, as expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes, elevaram-se em todos os prazos, indicando desancoragem adicional".

Sob essa constatação, ao decidir elevar em 1 ponto percentual (de 11,25% ao ano para 12,25%) - com dois novos ajustes, de igual magnitude, nas próximas reuniões - o Copom-BC (Comitê de Política Monetária do Banco Central) justificou a medida, argumentando que "a magnitude da deterioração de curto e médio prazo do cenário de inflação exigia uma postura mais tempestiva para manter o firme compromisso de convergência da inflação à meta".

Ao mesmo tempo, o Comitê observou "esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e sobre o custo de desinflação".

O Copom observa um "cenário de atividade resiliente com dinamismo maior do que esperado, como evidenciado na divulgação do PIB do terceiro trimestre, levando a nova reavaliação de um hiato mais positivo. O mercado de trabalho também segue aquecido, com aumento da população ocupada, queda da taxa de desemprego e aumento da formalização de postos", e que há "conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito indica suporte ao consumo e à demanda agregada".