Os juros futuros voltaram a fechar com alta expressiva. A manhã já tinha sido caótica, com taxas subindo em torno de 20 pontos-base, pressionada por fatores técnicos e ainda com a tensão fiscal e monetária no pano de fundo. À tarde, ampliaram a alta a mais de 50 pontos depois dos recados "hawkish" do Federal Reserve no comunicado da decisão e na entrevista de Jerome Powell. Na ponta curta, a precificação de Selic terminal já bateu em 17%.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 15,38%, de 15,08% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 saltou a 15,84%, de 15,41% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2029 terminou em 15,54%, de 15,11%.
A expectativa era de uma quarta-feira de menor estresse, considerando a aprovação de parte dos projetos fiscais e da reforma tributária ontem no Congresso, além da decisão do Tesouro de atuar simultaneamente com venda e recompra de títulos, dando saída a detentores dos papéis no ambiente atual de baixo apetite pelo risco. Até meados da manhã a ponta longa até esteve bem comportada, mas depois o nervosismo voltou a tomar conta.
"Achei que seria um dia bom, até porque ainda teve a notícia de que vão botar o salário mínimo para votar mais tarde, provavelmente. Mas o dia mostra que um mercado totalmente não racional e sem mais fundamento. É um mercado de total desconfiança, que não dá mais credibilidade para o que o governo promete", afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Ela lembra ainda que a escalada das taxas e do câmbio desafiou as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.