Por Marcello Sigwalt
"Como agente 'menor', o Banco Central (BC) está refém da política fiscal". A constatação provém do ex-secretário da Política Econômica do Ministério da Fazenda no primeiro governo petista e ex-presidente do Insper, Marcos Lisboa, ao argumentar que a autoridade monetária 'faz o que está a seu alcance' para tentar devolver a inflação de volta à meta, "mas a pressão fiscal joga contra". Ao tocar na 'ferida' dos problemas decorrentes da gestão errática da economia pelo Planalto, Lisboa entende que "o governo optou por não enfrentar problemas graves nos gastos públicos".
Ao admitir que o BC sofre 'efeito colateral', assim como todo o país, da política fiscal, o ex-secretário entende que o 'câmbio é reflexo' e que a política monetária "é uma coadjuvante ágil do fiscal". Em consequência, ele observa que os investidores estão mais pessimistas e preferindo outros países, uma vez que a saída de estrangeiros da bolsa brasileira este ano já supera recursos de R$ 32 bilhões.
Sobre o 'descompasso' flagrante nas contas públicas, Lisboa classificou de disfuncional a gestão fiscal brasileira, assim vista como 'âncora' da política econômica, que 'sustenta' a economia no longo prazo.
Um agravante adicional, pontua o ex-secretário, o gasto tupiniquim é 95% rígido, pois, após o fim do teto de gastos (regra fiscal que antecedeu o arcabouço atual), "algumas despesas voltaram a ser indexadas à receita. Além disso, voltou a indexação do salário mínimo, que está atrelado a uma série de benefícios previdenciários, hoje a principal despesa".
Lisboa classificou de disfuncional a gestão fiscal, 'âncora' que 'sustenta' a economia no longo prazo.
Para o ex-presidente do Insper conclui que 'fracassou' o quadro de solvência fiscal, mediante a 'crença' do equilíbrio de contas no médio prazo, sustentabilidade das contas e inflação sob controle, como no primeiro governo Lula".