O mercado de juros operou em dois tempos. A escalada das taxas vista pela manhã deu lugar a uma forte correção em baixa à tarde, que superou 70 pontos-base nas mínimas da sessão. O ajuste foi puxado por uma conjunção de fatores, entre eles declarações do futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, reafirmando o guidance hawkish do Copom. Ajudaram na despressurização do mercado a atuação conjunta do BC no câmbio e do Tesouro no mercado de títulos, além da perspectiva de finalização das votações do pacote fiscal na Câmara.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 caiu de 15,49% para 15,06% e a do DI para janeiro de 2027, de 15,96% para 15,40%. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 15,05% (de 15,64% ontem).
Entre as máximas e as mínimas, o gap das taxas dos principais contratos foi de mais de 100 pontos-base. Pela manhã, os juros davam sequência à tendência de alta, com vencimentos rompendo o nível de 16%, diante das preocupações com a desidratação do pacote fiscal no Congresso e à pouca efetividade no 1º leilão de dólar.
Quando a cotação da moeda bateu R$ 6,30, o BC fez outro leilão, mais robusto, de US$ 5 bilhões, o que levou enfim à virada da cotação. A venda de US$ 8 bilhões num único dia foi recorde no histórico de atuações do BC.
Com o câmbio ajudando, a taxas passaram, num 1º momento na ponta curta, a cair com declarações de Galípolo.
"A fala foi importante, ao reforçar o 'guidance' de novas altas de 100 pontos para a Selic", afirma o estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldesntein.