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Taxação de e-commerce favorece varejo

Com o aumento gradual de impostos, o governo federal vem dando alívio às varejistas locais ao fechar o cerco para as plataformas de e-commerce estrangeiras, especialmente asiáticas. Com as taxações, foi registrado recuos nas vendas online de produtos importados e, para o setor nacional, trata-se de mais um passo em busca da isonomia tributária com seus concorrentes da moda.

Antes da implementação da "taxa das blusinhas", em julho deste ano, foram registradas cerca de 19 milhões de remessas de até US$ 50, com valor total declarado de R$ 1,812 bilhão. Já em agosto, quando passou a ser cobrado 20% de imposto de importação sobre os itens com este valor, as compras despencaram para 11 milhões, uma queda de aproximadamente 42% (com valor aduaneiro de R$ 902 milhões).

Os dados são do balanço de setembro do programa Remessa Conforme, que foram levantados pelo Santander. A perda de disposição dos consumidores em comprar produtos estrangeiros se manteve em setembro, tendo o mesmo montante de remessas registradas no mês anterior (11 milhões, com um incremento de apenas R$ 42 milhões de impostos declarados).

Efeitos

O head de varejo do Santander, Ruben Couto, destaca que as varejistas nacionais ganharam participação de mercado (market share, no termo em inglês) no decorrer do ano, o que coincide com os graduais aumentos dos impostos aos estrangeiros.

No terceiro trimestre, as Lojas Renner tiveram alta nas vendas nominais de 12%, ante o mesmo trimestre de 2023. Enquanto isso, o mercado de vestuário cresceu menos que a marca (6%), segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC/IBGE). Da mesma forma, os pares C&A (19%) e Guararapes (11%) também mostraram evolução nas vendas.

Para Couto, os efeitos do programa Remessa Conforme adotados no ano passado demoraram para se refletir nos extratos financeiros, pois as empresas internacionais foram aderindo aos poucos ao programa e, segundo ele, o aumento de impostos sempre gera "uma grande discussão política por ter viés mais impopular".