Por Marcello Sigwalt
Coerente com a perda de valor do real, face ao desajuste fiscal (proposital?) recorrente, o último boletim Focus do ano - consulta semanal do Banco Central (BC) a mais de 100 instituições financeiras - recuou, de modo pífio, a projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano, de 4,91% para 4,9%, ratificando, pelo terceira ano seguido, o 'estouro' da meta de inflação para 2024, fixada em 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2025, porém, o mercado elevou, pela décima primeira vez seguida, a estimativa para 2025, que passou de 4,84% para 4,96%, subiu de 4% para 4,01% para 2026 e aumentou de 3,81% para 3,83%, para o ano seguinte.
Assim como o ínfimo recuo da expectativa inflacionária, a perda de dinamismo da economia fica patente na 'estabilização' da projeção do PIB para este ano, mantido em 3,49%, ao passo que para 2025, a atividade recuou de 2,02% para 2,01%, o mesmo ocorrendo para 2026, que 'encolheu' de 1,90% para 1,80%, mas parou em 2%, para 2027.
'Dominante' sobre os indicadores mencionados, a Selic continuou mantida em 11,75% ao ano para 2024, mesmo já no patamar de 12,25% ao ano, e a perspectiva de dois novos aumentos de um ponto percentual, nas próximas reuniões do Copom.
Mesmo 'modus operandi' valeu para 2025, que permaneceu em 14,75% ao ano, seguida de leve alta, de 11,75% ao ano para 12% ao ano, para 2026, e ficar 'estacionada' em 10% ao ano para 2027. A previsão de superávit comercial de 2024 caiu de US$ 74,3 bilhões para US$ 74,15, mas ficou estável em US$ 74,3 bilhões para 2025.
A previsão de entrada de investimento estrangeiro no país em 2024 baixou dos US$ 70,5 bi para US$ 70 bi, mantida em US$ 70 bi para 2025 e subiu de US$ 74,7 bi para US$ 74,9 bi, para 2026, e de US$ 76,47 bi para US$ 76,68 bi, para 2027.