Copom faz bolsa 'despencar' 2,74%
A recuperação dos ativos brasileiros após a dureza do comunicado e, especialmente, do guidance de dois novos aumentos de 100 pontos-base na Selic, em janeiro e março de 2025, não veio nesta quinta-feira (12), ao contrário do que se chegou a esperar.
A curva de juros mostrou ajuste tanto nos vértices curtos como nos longos, o dólar voltou para 6,00% ( 0,86%) após ter fechado ontem abaixo do limiar, e o Ibovespa caiu 2,74%, aos 126.042,21 pontos - a maior perda diária para o índice da B3 desde a queda de 3,06% em 2 de janeiro de 2023, há quase dois anos, refletindo o tom duro do Copom.
Desde a abertura, aos 129.587,08 pontos, o Ibovespa operou apenas no negativo, atingindo, na mínima do dia, à tarde, os 125.828,56 pontos.
Na semana, o Ibovespa ainda sustenta leve ganho de 0,08% e, no mês, sobe 0,30% - no ano, cede 6,07%.
"O mercado voltou a operar estressado, mesmo que o aumento estivesse, em parte, precificado na curva de juros, com a Selic chegando no horizonte curto a 14,25%. Cenário já estava bem esticado para juros, e a comunicação do Copom veio no tom que precisava para ancorar as expectativas e também o dólar", diz Felipe Moura, analista da Finacap.
"Mas o mar segue turbulento, o mercado está muito disfuncional com o nível de volatilidade que se viu hoje, fora da normalidade. Ontem um procedimento médico no presidente Lula levou a Bolsa a subir 3 mil pontos em minutos. Os instrumentos de navegação não estão funcionando direito, é preciso deixar a tempestade passar", acrescenta o analista, observando que o momento dificulta leitura clara do cenário inclusive em relação a temas palpáveis, como o pacote de cortes de gastos.
"Foi um dos piores dias dos últimos tempos. Mais dois aumentos de 100 pontos-base pela frente, sinalizados ontem pelo BC, mostram o grau de preocupação com o fiscal - e a política monetária não consegue resolver tudo sozinha, sem a contribuição do fiscal", aponta Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. "Se nota a demora no andamento do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo", conclui Moliterno.