Cambial recupera o viés positivo da bolsa
Em dia de nova atuação do Banco Central no mercado de câmbio para reverter, ao menos em parte, a depreciação do real - com o dólar a R$ 6,30 na nova máxima histórica, durante a sessão, e ainda a R$ 6,12 (-2,27%) no fechamento -, o Ibovespa conseguiu recuperar a linha dos 121 mil pontos nesta quinta-feira.
Em alta moderada a 0,34%, aos 121.187,91 pontos no encerramento, o índice flutuou apenas mil pontos entre a mínima (120.768,22) e a máxima (121.769,57) da sessão, com giro a R$ 27,7 bilhões, após o reforço visto ontem no vencimento de opções sobre o Ibovespa. Na semana, cai 2,75% e, no mês, 3,56% - no ano, recua 9,69%.
Após ter fechado ontem no menor nível desde novembro de 2022, "o Ibovespa teve um dia de alívio em uma semana difícil para os ativos de risco brasileiros", diz Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.
"Era esperado que um aumento no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos pudesse atrair mais recursos - ou seja, dólar - para o Brasil, tanto para renda fixa quanto para variável, levando a uma possível queda frente ao real e nas curvas de juros", acrescenta, em referência a uma expectativa que tem se frustrado, em parte, pelas incertezas em torno da situação fiscal doméstica. E o cenário se torna ainda mais complexo na medida em que o Federal Reserve sinalizou, ontem, não apenas possível pausa nos cortes de juros, mas até uma retomada das altas nas taxas de referência, se necessário, observa Silva.
"O Fed parece ter voltado a priorizar a inflação em relação às taxas de desemprego, dando sinais de que haverá uma pausa na queda das taxas em janeiro, que pode se estender por outros meses de 2025, se a pressão inflacionária persistir e a economia continuar robusta", observa a Janus Henderson Investors em nota, na qual destaca, também, a interpretação do mercado de que o Fed foi hawkish, "provada pela tendência de uma curva de redução das taxas mais lenta".
Na agenda doméstica, o destaque foi a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e na coletiva de despedida de Roberto Campos Neto.