Por Marcello Sigwalt
A combinação 'perversa' do aumento da taxa básica de juros (Selic) com a deterioração da economia global 'dá o tom' do crescimento 'acanhado' do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025, que não deve passar de 1,8%, mas está longe de configurar um quadro recessivo.
A avaliação foi feita por economistas, para quem, o consumo deve continuar a crescer, devido ao aquecimento do mercado de trabalho e dos gastos federais (transferência de renda de cunho eleitoreiro) e pelo avanço das exportações, alavancadas pela safra agrícola. Nessa perspectiva, a grande incógnita diz respeito ao reflexo do aperto monetário sobre os investimentos.
Na projeção dos especialistas, a economia não deverá avançar mais do que 2%, depois de exibir patamares mais elevados, sempre superiores a 3%, nos últimos três anos, desempenho que surpreendeu estimativas, tanto do setor público, quanto privado.
Obviamente mais 'otimista', a proposta orçamentária do governo continha a previsão de crescimento real de 2,64% neste ano, que vai além dos 2% projetados pelo boletim Focus e dos 2,1% estimados pelo Banco Central (BC).
Em que pesem a possibilidade de um 'pé no freio' da economia internacional e de agravamento dos fatores macroeconômicos internos, o BC espera 'surpresas positivas', como um crescimento potencial maior, face às reformas aprovadas pelo Legislativo no campo econômico.
Embora admita que a 'desaceleração' do PIB a 2% este ano se deve à alta da Selic, o economista-chefe do C6, Felipe Salles, prevê que tal patamar será sustentado 'em grande parte' por estímulos do governo e pelas exportações de commodities.
"A gente não vê aumento do desemprego ou deterioração no mercado de trabalho. Para isso acontecer, o PIB teria de fica muito abaixo de 2%", afirma Salles.