Por Marcello Sigwalt
Um grave erro de análise. A expressão pesada partiu do economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, para quem o governo do mandatário perdulário petista passa a 'falsa impressão' de uma 'rota de estabilidade' da economia do país e de que 'tudo estaria plenamente sob controle'.
"O grande equívoco é achar que esse equilíbrio que a gente tem hoje, de crescimento a 3,5%, com inflação de 4,7% ou 4,8% e mercado de trabalho robusto, é estável. Entendo que é altamente instável", disparou Ramos, em entrevista ao Radar Econômico.
Premonitório, o economista-chefe do Goldman Sachs vê como 'consequência inevitável da atual conjuntura econômica' no curto prazo a desaceleração da economia, como já previsto para 2025 por analistas do mercado, além de inflação crescente e câmbio depreciado.
Avançando em suas críticas à '(indi)'gestão econômica esquerdista, Ramos entende que o Planalto está 'forçando os limites do crescimento da economia', usando "ativismo excessivo da política fiscal".
Numa comparação automotiva, o economista explica que "se você quer fazer uma viagem longa e rápida, você não pode ir a 220 km/h o tempo todo, porque o motor vai superaquecer e vai estourar". Ao mesmo tempo, ele avalia que o Banco Central (BC) 'corre atrás do prejuízo', mediante aperto monetário, tendo em vista 'frear' a sede de gastos do governo. No entanto, prossegue, para tornar a economia realmente estável, "é preciso ir à origem do problema, as contas públicas, avalia o economista".
Saída racional
Em tom semelhante, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, acentua que a 'única saída racional para a redução de juros e preços é o 'controle severo' das contas públicas. Ao mesmo tempo, o tarimbado economista admite que um eventual ajuste fiscal que mude tal cenário 'é pouco provável'.
Meirelles constata que o pacote de gastos, anunciado em novembro, ficou muito aquém do desejado pelo mercado financeiro e por uma série de economistas de renome.