Ano Novo deverá encarar 'velhos desafios' na economia

Desajuste fiscal, juros altos e avanço do dólar 'punem' PIB de 2025

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Por Marcello Sigwalt

Com exceção do impulso que deve ser dado pelo Agro, neste ano, a economia tupiniquim tem diante de si uma miríade de desafios, para os quais, interlocutor algum do governo se 'atreveu' a apresentar solução factível. Entre estes, destaque para o aperto monetário operado pelo Banco Central (BC); a disparada do dólar e a inflação, em 'resiliente' alta.

No caso específico da Selic, a chamada taxa básica de juros, que influencia todos os ativos econômicos nacionais, há falta de um 'horizonte' para o fim do atual ciclo de alta do indicador, já alçado ao patamar de 12,25% ao ano e com duas novas altas, de um ponto percentual, já previstas nos próximos dois meses. Para o mercado, permanece a 'interrogação' quanto ao tempo que a autoridade monetária precisará para, enfim, começar a reduzir a taxa.

A questão anterior dos juros está diretamente ligada a duas outras, que dizem respeito ao equilíbrio fiscal e ao viés de queda da inflação, questões que continuam sem uma proposta 'crível', tanto da parte do Congresso Nacional, como da sociedade como um todo. A última versão do pacote de contenção de gastos, aprovado pelo Executivo, não convenceu o mercado sobre a capacidade federal de 'colocar suas contas em dia', uma 'herança' de 2024 que está longe de ser erradicada. Já no caso da inflação, 'conspiram' a favor do avanço da carestia o mercado de trabalho aquecido e as transferências de renda promovidas pelo Planalto, de olho nas eleições presidenciais de 2026.

Já precificados pelo mercado financeiro, os números de 2025 não deixam dúvidas ao cidadão-contribuinte-eleitor, em que o último boletim Focus projetou que a inflação deve fechar o ano em 4,26% (bem acima do teto da meta de inflação, de 4,5%); a Selic, em igual período, atingirá 14,75% ao ano e o dólar, a uma cotação de R$ 5,96.

Diante de tal receita macroeconômica 'insossa', não restou ao PIB 'despencar' de 3,38% em 2024, para 1,8% em 2025.