Cai o investimento em energias limpas

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Por Marcello Sigwalt

Do monte Everest às fossas marianas. A metáfora ajuda a explicar a reviravolta dos investimentos nas energias solar e eólica em 2024, após exibirem crescimento recorde em 2023. Se considerados ambos os setores, os recursos aplicados no ano retrasado, de R$ 94,6 bilhões, despencaram para R$ 60,4 bilhões, no ano passado, correspondendo a uma baixa de 36,6%.

Tais dados foram divulgados pela Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). No caso das eólicas, as perdas foram ainda mais significativas, mediante um declínio de R$ 35 bilhões para R$ 21 bilhões, no mesmo comparativo, um recuo de 40%. Já a solar amargou queda de 33%, ao passar de um aporte de R$ 59,6 bilhões para R$ 39,4 bilhões em 2024. As entidades esclarecem que tais números, do segmento solar, se referem a usinas de grande porte e pequenos e médios sistemas em telhados, fachadas e terrenos de casas e empresas.

Ao destacar que os investimentos da matriz solar tiveram como foco o mercado livre - compra eletricidade diretamente das geradoras por meio de uma empresa intermediária, a comercializadora varejista - o diretor técnico da Absolar, Carlos Dornellas, explicou que "a demanda no mercado livre tem atraído investimentos privados, pois, neste ano, a fonte solar adicionou cerca de 13 gigwatts (GW), sendo 8 GW na geração distribuída e 5 GW na geração centralizada".

A economista Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, avalia que um 'conjunto de fatores' contribuiu para uma queda 'drástica' da contratação de eólicas de grande porte no mercado regulado, a falta de leilões regulados desde 2022 e o grande crescimento do mercado de geração distribuída, dominado pela energia solar. "A gente vai precisar de mais um ano de crescimento para indicar uma melhora nas contratações em 2025", previu Elbia.

O professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Euler Macedo, aponta a escalada do dólar como fator determinante para inibir a atração de investimentos estrangeiros ao país.