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Risco fiscal 'patrocinou' alta de futuros

As taxas intermediárias e longas de juros abriram mais de 30 pontos-base, com o mercado precificando o risco de que o governo Lula tente conter a queda de popularidade a partir de medidas que elevem o endividamento público. Já o estresse no vértice curto acompanhou a criação de empregos maior do que a esperada em janeiro, em tese propiciando inflação mais elevada. Operadores de renda fixa se preparam, ainda, para o leilão de prefixados do Tesouro amanhã, após a instituição mostrar queda de 13,51% no colchão de liquidez de dezembro para janeiro.

A taxa de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu a 14,760%, de 14,595% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 avançou a 14,795%, de 14,475%, e o para janeiro de 2029 subiu a 14,815%, de 14,440% ontem no ajuste.

Na avaliação do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, "a curva sobe precificando um país com endividamento maior" sob a perspectiva de que o governo Lula pode "buscar subterfúgio em expansão de gastos" para conter a queda de popularidade.

Potencializando preocupações com a inflação, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que o mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 137.303 carteiras assinadas em janeiro de 2025, acima da mediana do Projeções Broadcast de criação de 50,5 mil vagas.

"Isso significa demanda adicional sobre a estrutura produtiva, que trabalha sem ociosidade e isso demandaria política monetária do Banco Central ainda mais contracionista", afirma a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.