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Incerteza nos EUA 'turbina' o dólar

Após uma manhã marcada por instabilidade e trocas de sinal, o dólar ganhou força ao longo da tarde no mercado local, em sintonia com o comportamento da moeda americana no exterior, e encerrou a sessão desta segunda-feira (10), acima de R$ 5,85.

Temores de recessão nos EUA pela política econômica de Donald Trump, vide novela tarifária, provocaram uma onda de aversão ao risco que contaminou divisas emergentes.

Ontem, Trump desconversou e disse que a economia americana vai passar por um "período de transição" com as medidas que estão sendo adotadas.

"O dólar até chegou a cair um pouco pela manhã, mas o movimento se inverteu à tarde, com piora das moedas emergentes. Há um sentimento de insegurança com as próximas iniciativas de Trump em relação às tarifas e seu impacto na economia", afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli.

Com mínima a R$ 5,7732 pela manhã e R$ 5,8716 à tarde, o dólar à vista terminou o pregão em alta de 1,07%, a R$ 5,8521, maior valor de fechamento em março. Em 28 de fevereiro, a divisa fechou a R$ 5,9163. Apesar do repique hoje, o dólar ainda recua 1,09% nos quatro primeiros pregões do mês.

O economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, afirma que nos últimos dias houve uma mudança na leitura sobre o impacto da política tarifária de Trump, com investidores passando a dar mais ênfase as chances de perda de fôlego aguda da atividade.

Ele observa que, embora a economia americana ainda se mostre sólida, houve alguns sinais de desaceleração ao longo da semana passada com dados mais fracos de consumo das famílias e aumento do déficit comercial.

Além disso, indicador do Federal Reserve de Atlanta que tenta medir a evolução do PIB em tempo real sugeriu contração forte da atividade no primeiro trimestre.

"O que estamos vendo hoje é um risk off global que acabou pegando as moedas emergentes. As bolsas em Nova York abriram em queda e o Nasdaq passou a cair mais de 4% à tarde, enquanto as taxas dos Treasuries curtos recuaram mais de 10 pontos", afirma Costa.