Por:

Salto do IPCA reforça estado de dominância fiscal no país

Por Marcello Sigwalt

Evidência inconteste de que a estratégia monolítica de 'aperto monetário' perpetrada pelo Banco Central (BC) esgotou sua eficácia, ante a consolidação da temida 'dominância fiscal' - quando política fiscal prevalece sobre a política monetária, limitando a eficácia desta para a estabilização da economia - o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), saltou de 0,16 % em janeiro, para 1,31% em fevereiro último, o que corresponde à maior taxa, desde março de 2022, quando este chegou a 1,62%.

A divulgação foi feita, nessa quarta-feira (12), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ao informar que 92% do resultado de fevereiro se concentram em quatro dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados. São eles: Habitação, Educação, Alimentação e bebidas e Transportes.

Como em outras ocasiões, mais uma vez, o resultado inflacionário do mês passado refletiu o avanço de 16,80% da energia elétrica residencial - agora, desprovida do efeito estatístico do 'bônus de Itaipu' - com peso de 0,56 ponto percentual (p.p.) sobre o índice geral. Na avaliação do gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, "essa alta refletiu o fim da incorporação do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro. Com isso, o subitem energia elétrica residencial passou de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta de 16,80% em fevereiro", explica o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves.

Mas a maior 'contribuição' negativa para a inflação de fevereiro, porém, veio do grupo Habitação, que passou de uma deflação de -3,08%, em janeiro, para 4,44% em fevereiro, o que equivale a um impacto de 0,65 p.p. no índice do mês. Individualmente, contudo, a maior variação coube ao grupo Educação, ao avançar 4,70% (impacto de 0,28 p.p.), devido aos reajustes nas mensalidades escolares: ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).