Por Marcello Sigwalt
A balança tênue do comércio internacional pode se desequilibrar, ainda mais, sob o peso da agressiva arremetida tarifária global, capitaneada pelo irascível presidente dos EUA, Donald Trump, que decidiu 'brigar' com todos os mercados mundiais, ao mesmo tempo. Umas das sequelas mais visíveis de tal atitude é a virtual 'paralisação' da OMC (Organização Mundial do Comércio), entidade encarregada de mediar os conflitos comerciais no planeta.
Ao ressaltar que a OMC - criada em 1995, com o apoio ianque - na verdade, vem sendo 'desidratada' por Washington desde a gestão do democrata Barack Obama (2008-2016), o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiz Carlos Delorme Prado, acentua que "os EUA estiveram no centro da criação e da operação do atual sistema internacional de comércio, o que inclui a OMC. Este sistema foi criado quando os EUA tinham uma certa hegemonia econômica e essas regras do jogo, em última instância, beneficiavam o país economicamente mais forte".
A explicação de Prado para tal distanciamento da entidade é que, no momento em que começaram a enfrentar concorrência mais acirrada, sobretudo da China, estes começaram a 'abandonar' a organização. O déficit comercial ianque em 2024 foi de US$ 918 bilhões (17% superior ao de 2023).
"A política industrial no governo Joe Biden [2021-2025] já era absolutamente fora das regras da OMC, em especial as medidas de proteção da indústria doméstica americana. Então, por ausência de árbitros indicados [pelos EUA] e a decisão americana de não participar da OMC, o sistema não opera", reforçou o professor da UFRJ.
Quanto ao desempenho, Prado admite que a OMC, quando se mobilizava ante alguma causa ou litígio relevante, exibia uma eficácia 'limitada'.
Já o governo federal tem assumido uma postura cautelosa, ante ao anúncio dos EUA, de aplicar uma alíquota de 25% sobre a importação de aço e alumínio tupiniquins. Saindo da penumbra da diplomacia, Brasília decidiu anunciar a intenção de recorrer à OMC para questionar as tarifas.