Por Marcello Sigwalt
A combinação perversa entre os juros elevados (vide Selic a 13,25% ao ano, crescendo) internamente, com a incerteza, externamente, são os fatores centrais que explicam a 'evidente' trajetória declinante da economia brasileira, nos últimos meses de 2024 e início de 2025.
É o que se pode depreender da queda da atividade, de 0,5%, em dezembro do ano passado, para 0,3%, em janeiro deste, conforme indica o Monitor do PIB, estudo mensal elaborado pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), divulgado nesta terça-feira (18), pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Já os dados anualizados mostram variações positivas, com crescimento de 2,5% ante o mesmo mês de 2024 e de 3,2%, no acumulado de 12 meses.
O indicador serve como base para a montagem de projeções sobre o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto). No caso da Fundação, os dados utilizados já são dessazonalizados (excluem os fatores temporários), o que permite fazer a comparação entre períodos distintos.
Embora admita que a economia apresente resultados positivos, a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, observa "um processo disseminado de desaceleração". Sobre tal tendência, ela comenta que "a elevação da incerteza externa, aliada à alta taxa de juros interna com tendência de aumento ao longo do ano, sinalizam dificuldades de crescimento dos setores mais relacionados ao ciclo econômico, como o industrial e o de investimentos".
No que toca ao front externo, a incerteza está associada à volta de Donald Trump à presidência dos EUA, em janeiro, com a adoção de medidas protecionistas, o que é visto como 'indutoras de uma recessão global', com destaque para a taxação de aço e alumínio de países parceiros, entre eles, o Brasil.
No front interno, a maior influência para 'esfriar' a economia vem da alta seguida da Selic, a título de conter a disparada da inflação.