Por Marcello Sigwalt
Medidas protetivas do presidente ianque Donald Trump à parte, a deterioração explícita das contas externas nacionais aciona um sinal de alerta, uma vez que as fontes de financiamento do exterior, no ano passado, foram insuficientes para cobrir o déficit de transações correntes do país, que exibem rombo recorde, o maior desde 1995.
A advertência é do sócio da consultoria BRCG e pesquisador-associado do Ibre/FGV, Livio Ribeiro, ao admitir que, a posição tupiniquim, no momento, é menos confortável para 'absorver choques de fora'. Para complicar a situação, a escalada tarifária do republicano deverá 'contribuir' para reduzir sobremaneira o fluxo de capitais para economias emergentes, como a brasileira, em 2025.
Para especialistas, a tendência, no curto prazo, é de maior volatilidade do câmbio e desvalorização do real.
O rombo em transações correntes (saldo nas trocas com o exterior) praticamente se igualou ao volume de Investimento Direto no País (IDP), no período de 12 meses.
Em números, enquanto o déficit externo foi de US$ 65,4 bilhões (3,02% do PIB), o IDP atingiu US$ 68,5 bilhões (3,16% do PIB).
Segundo a economista da XP Investimentos, Luiza Pinese,"é a principal fonte de arrecadação para o déficit. A aproximação acende um sinal de alerta, mas existem outras formas de se financiar, como o investimento em portfólio, que é mais volátil. É sim a fonte mais segura que o Brasil pode se financiar por meio de reservas internacionais", ao acrescentar ter revisado a projeção para o déficit em conta corrente de 2025, de US$ 52,5 bilhões para US$ 62,6 bilhões (3,0% do PIB).
Para Ribeiro, levando em conta todas as fontes de financiamento externo, faltaram US$ 26,4 bilhões para financiar o déficit em conta corrente e as parcelas de empréstimos internacionais no ano passado.