Por Marcello Sigwalt
Enquanto o 'timing' para o início do corte da taxa básica de juros persiste sem resposta, uma coisa é certa: o 'efeito' Selic deverá elevar, em até 12%, o número de recuperações judiciais (RJ) no país, até 2027, saltando dos atuais 2.270 para 2.550.
A previsão consta de estudo desenvolvido pela consultoria especializada em reestruturação de empresas Íntegra Associados, ao estabelecer um 'delay' de dois anos para que o aperto monetário seja refletido nos pedidos de RJ
Tomando por base a observação da evolução da Selic, combinada com o aumento de empresas que entraram com pedido de RJ, no período de 2005 a 2024, o estudo concluiu que o reflexo da carestia só é percebido no médio prazo. Partindo desse pressuposto, a alta recente da taxa básica, de 13,25% ao ano para 14,25% ao ano, deverá impactar o número de pedidos de RJ somente no início de 2027.
Listadas na B3 - Os 'estragos' produzidos pelo aperto monetário na economia já 'contaminaram' a B3 (B3Sa3), a bolsa brasileira, em que 21 das empresas listadas se encontram em processo de recuperação judicial, em negócios de todos os portes. Nessa categoria, estão companhias de grande porte, como: Americanas (AMER3); Oi (OIBR3); Gol (GOLL4) e AgroGalaxy (AGXY3), o que reforça a tendência de alta nos pedidos de RJ.
Das 21 listadas em RJ, sete entraram nessa condição, somente no ano passado. A mais recente, em fevereiro de 2025, foi a Bombril (BOBR4).
No total, 38% das empresas listadas em bolsa entraram com pedido de RJ, no decurso de apenas um ano.