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Focus: IPCA para 2025 recua novamente, mas 'desacelera'

Por Marcello Sigwalt

Refletindo uma boa dose de 'cautela', tanto quanto de 'incerteza' quanto ao futuro imediato e no médio prazo da economia, o mercado financeiro adotou uma postura 'minimalista' em suas previsões em relação à inflação tupiniquim: ela cai, mas pouco. Após recuar de 5,68% para 5,66%, na semana passada, a projeção do boletim Focus para o IPCA deste ano, este desacelerou a queda, agora no patamar de 5,65%, que está 1,1 ponto percentual acima do teto da meta de inflação, que deverá ser 'estourada' pelo quarto ano seguido.

Já no que toca ao chamado 'horizonte relevante', 2026, a banca foi menos generosa, pois a carestia, pois o indicador foi 'inflado' de 4,48% para 4,50%, um viés de expansão preocupante para o consumidor-contribuinte-eleitor. Para os anos seguintes, a previsão foi mantida em 4% e 3,78%, para 2027 e 2028, respectivamente.

No entanto, o 'pano de fundo' que importa, no conjunto de projeções, é o fato de a atividade produtiva já estar se ressentindo (e muito) da escalada da Selic (taxa básica de juros), alçada a 14,25% ao ano na semana passada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) e com perspectiva de novo aumento, no curtíssimo prazo.

Ninguém no mercado arrisca dizer que este será o último, até porque persiste o 'desarranjo' fiscal interno e a incerteza externa, provocada pela guerra comercial global disparada pelo irascível presidente dos EUA. Como a expectativa da 'banca' para a Selic, ao cabo de 2025, permanece no monolítico 15% ao ano, então faltariam módicos 0,75 ponto percentual para que isso ocorra.

Coerente, ao menos, com o avanço dos juros, o mercado espera um recuo 'pífio', de 1,99% para 1,98% do PIB (Produto Interno Bruto) este ano, coincidência ou não, uma redução de 0,01 ponto percentual, ou seja, nada. Há um mês, a projeção era de 2,01%. Imexível em 1,60% ficou a expectativa para o PIB em 2026.