As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em alta mais uma vez, ainda como reflexo da avaliação de que o Banco Central precisará ser mais rigoroso na política monetária para compensar a pressão inflacionária e o estímulo econômico vindo de medidas do governo.
Esta percepção já começa a se refletir na precificação para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), com apostas crescentes e majoritárias de que a Selic possa subir 0,75 ponto porcentual em maio.
O Copom vem surpreendendo os investidores desde a semana passada ao enfatizar que o quadro inflacionário está mais adverso e sinalizar ao menos mais um aumento da Selic em maio. O mercado esperava uma ênfase maior do colegiado nas chances de desaceleração da economia e, consequentemente, uma postura menos rigorosa da política monetária.
A preocupação do Copom com os canais de crédito também captou a atenção dos investidores, em particular diante do esforço do governo para lançar o crédito consignado a trabalhadores do setor privado, segundo Claudio Pires, sócio-diretor da MAG Investimentos.
"Os primeiros números que estão saindo demonstram que o apetite por crédito é muito alto. É um pouco mais de gasolina na fervura da atividade econômica e da inflação", afirmou.
Luciano Telo, executivo-chefe de investimentos do UBS Global Wealth Management, ressaltou que o tom do Copom é duro e preocupado com a inflação, e que o colegiado indicou que estará atento a "novidades expansionistas" tanto do ponto de vista fiscal quanto de crédito.