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Governo vai recorrer à OMC contra o tarifaço de Trump

Por Marcello Sigwalt

Em que pese o alívio com a magnitude das tarifas recíprocas de 10%, a serem impostas pelo governo dos EUA aos produtos brasileiros - pois consultorias e bancos, em quadrantes distintos, de Wall Street a Faria Lima consideram que o impacto protecionista ianque poderia 'ser pior' - o fato é que o governo tupiniquim admite recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio), por entender que o presidente estadunidense Donald Trump teria 'violado' compromissos assumidos por aqueles país perante à entidade, conforme nota conjunta, emitida pelo Itamaraty e pelo MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

Diversamente da percepção 'positiva' de analistas, a reação, tanto do Planalto, quanto do setor produtivo, foi mais associada a estados de preocupação e lamentação. De qualquer sorte, a expressão "poderia ser pior" remete ao fato de que outras economias - em especial, China, União Europeia e Japão - terão de arcar com um custo muito maior que o Brasil, para colocar seus produtos nos Estados Unidos.

Na verdade, levando em conta o novo 'xadrez' jogado no comércio internacional, o país poderá, até, ganhar competitividade, movendo peças a seu favor, mesmo ante o alarde feito por Trump, a reboque de seu tarifaço global, batizado de 'Liberation Day', o Dia da Libertação.

Mais comedida em suas reações, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviou uma missão de empresários do setor visitará à pátria ianque, na primeira quinzena de maio, tendo em vista estreitar laços e buscar soluções de interesse comum.

Sobre a situação, o presidente da CNI, Ricardo Alban acentuou que, "claro que nos preocupamos com qualquer medida que dificulte a entrada dos nossos produtos em um mercado tão importante quanto os EUA, o principal para as exportações da indústria brasileira".