A tarifa de 10% imposta por Donald Trump ao Brasil implica um cenário menos adverso do que inicialmente previsto, e pode beneficiar alguns setores da economia brasileira, com impacto positivo na balança comercial do País, avaliam os analistas do BTG Pactual.
O banco, porém, faz um alerta de que também há riscos de a economia brasileira sofrer impactos negativos, seja por uma desaceleração da China ou por uma recessão da economia mundial.
Como Trump impôs tarifas mais altas a outros mercados, 46% ao Vietnã e 26% a Índia, por exemplo, o movimento pode favorecer alguns segmentos brasileiros capazes de ocupar fatias de mercado nos EUA antes dominadas por concorrentes, que agora pagarão tarifas mais elevadas, observam os analistas do BTG Iana Ferrão e Pedro Oliveira em relatório nesta sexta-feira. Com isso, podem até ampliar sua presença no mercado norte-americano.
Dependência
Alguns setores da economia brasileira apresentam elevada dependência das vendas aos EUA. Entre eles, semimanufaturados de ferro e aço (71,8% das exportações destinadas aos EUA, já sujeitos às tarifas de 25% em vigor desde 12 de março); veículos aéreos e espaciais (63,2%); motores e máquinas (61,9%); materiais de construção (57,9%)
Outros setores com exposição não desprezível, mencionados pelo BTG, incluem etanol (16,0%), café (16,7%) e produtos químicos (16%). "Entre os setores listados, aqueles com maior fatia de concorrentes em países agora penalizados por alíquotas mais altas tendem a se beneficiar deste cenário", ressalta o BTG.