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Incerteza global não evita alta do dólar

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira em alta de 0,66%, a R$ 5,8900, após máxima a R$ 5,9041 no início da tarde. O dia foi marcado por valorização global da moeda americana, dada a postura mais cautelosa dos investidores diante dos desdobramentos da guerra comercial. Além de falta de progressos em acordo com a União Europeia, os EUA sofreram nova retaliação chinesa.

No início, a divisa ensaiou queda, com mínima a R$ 5,8340, mas trocou de sinal após as primeiras horas do pregão, em sintonia com o exterior. Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY - que recentemente furou o piso do 100,000 pontos, menor nível em três anos - hoje voltou a subir, com máxima aos 100,276 pontos.

As taxas dos Treasuries recuaram, em um movimento clássico de busca por proteção em momento de aversão ao risco. Podem ter ocorrido também compras táticas, após a desvalorização expressiva dos papéis. No tumulto provocado pelo tarifaço de Trump, investidores haviam vendido Treasuries, com aumento de prêmio de risco relacionado aos EUA e temores de que a China de desfizesse dos títulos de forma agressiva.

"O dólar sobe com esse clima de incerteza em relação às tarifas de Trump. A China aumentou a retaliação contra os EUA, deixando de receber aviões produzidos pela Boeing", afirma o especialista Davi Lelis, da Valor Investimentos. "Moedas emergentes são muito mais vulneráveis a choques externos. Vamos ter ainda muita volatilidade com essa perspectiva de mudanças das cadeias globais de produção por conta das tarifas."