Por Marcello Sigwalt
Em compasso com a 'cristalização' do recorrente desajuste fiscal, que retroalimenta a escalada dos juros, a dívida bruta do governo geral (DBGG) - um dos principais indicadores da qualidade (ou não) da gestão da economia - deve atingir o patamar máximo de 84,2% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, no próximo 2028, conforme atesta o relatório de Projeções Fiscais, divulgado no final do ano passado pelo Tesouro Nacional.
De 78,5% este ano, a dívida deve saltar para 81,8% do PIB, já no ano que vem. O patamar, na verdade, revisa para cima, a estatística anterior, que dava conta de que o 'pico' da dívida seria alcançado em 2027, quando passaria a 81,8% do PIB, mas foi 'catapultado' a 83,6% do PIB; 84,2% do PIB em 2028 e 84% do PIB em 2029.
A 'numeralha' de estimativas está prevista na Proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, apresentada, nessa terça-feira (15) pelo Ministério do Planejamento. A respeito da trajetória da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), a PLDO aponta que, em 2025, esta deve chegar a 65,7% do PIB, a 70% em 2026, atingindo o pico em 2029, de 74,2% do PIB, patamar que se manteria inalterado até 2031, quando, então, em 2032, espera a 'Viúva', começaria uma trajetória de queda (74,2%), até cair para 73,6% do PIB em 2035.
De fato, a escalada da DBGG já vinha se acentuando, desde o início deste ano, conforme indicou o Banco Central (BC), ao observar que o indicador subiu de 75,7% do PIB, em janeiro, para 76,2% do PIB, em fevereiro. Em reais, a dívida bruta cresceu de R$ 8,940 trilhões para R$ 9,045 trilhões.
Mas se considerado o conceito do FMI, a DBGG teria subido de 87,1% para 88,7% do PIB no período citado. Na ocasião, a autoridade monetária admitiu, no Relatório de Política Monetária (RPM), que incorporaria a metodologia do FMI às suas divulgações.