"Puro oportunismo eleitoreiro". A afirmação fulminante partiu do economista, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC) e colunista do Estadão, Alexandre Schwartsman, ao se reportar à 'solução' apresentada pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, de retirar os preços dos alimentos e energia do cálculo da inflação, o que resolveria, numa 'canetada só' a recorrente incompetência palaciana na gestão fiscal, que descamba na, ainda, descontrolada inflação pátria.
Como é impossível conceber tal mudança por decreto, exigindo a exclusão dos principais fatores inflacionários do cálculo do IPCA pelo IBGE, o vice de alta plumagem tucana, então, teria sugerido que o 'trabalho sujo' fosse executado pelo suposto subserviente Banco Central (BC), ora pilotado pelo indicado e confirmado Gabriel Galípolo, que continua apertando monetariamente o cidadão pela elevação monolítica da Selic, sigla para a taxa básica de juros. Quando ela sobe, tudo sobe também, principalmente, os lucros da banca que projeta o boletim Focus, do mesmo BC.
Ao explicitar a 'miopia' estatística do vice, Schwartsman diz: "Como examinei em coluna anterior, a inflação não resulta de um punhado de preços em alta, mas é um fenômeno persistente que afeta a maioria dos produtos do IPCA".
A 'tucanagem' (a expressão é proposital) mereceu do ex-BC uma comparação ao memorável grupo humorístico conhecido pelo sarcasmo e mordacidade. "Inspirado nas Organizações Tabajara e na metodologia da meta fiscal, que retira da contabilidade os gastos inconvenientes, sugiro descartar do IPCA todos os preços que aumentassem. Assim a "inflação" ficaria para sempre abaixo da meta, permitindo que o Copom pudesse reduzir a Selic a zero, ideia, como se vê, muito mais efetiva do que a sugestão do vice. Seus problemas terminaram"!