Defensor de acusado nazista e de tentar estuprar menor é secretário da Juventude

Defensor de acusado nazista e de tentar estuprar menor é secretário da Juventude

Por Cláudio Magnavita*

Não se deve criminalizar a advocacia. Advogado é advogado e cliente é cliente. O Correio da Manhã protestou quando um juiz federal tentou atingir a instituição, determinando uma operação de busca e operação nos maiores escritórios do país e ordenando o bloqueio de recursos das salas e dos titulares na pessoa física. O RJ TV 2° Edição, da TV Globo, levou ao ar uma reportagem nesta quinta, 28 de abril, que aponta a atuação do atual secretário de Esportes, Juventude e Lazer do Governo do Estado, Alessandro Pitombeira Carracena, como advogado em paralelo com o exercício da função atual e, também, como subsecretário de Estado. A lei proíbe esta atuação paralela.

Além da ilegalidade constatada pela reportagem, a matéria aponta uma coleção de clientes explosivos. Se por um lado o advogado, na sua atuação primária, pode e deve defender qualquer réu, um secretário de Estado tem o dever de estabelecer limites aos seus relacionamentos e a atuação pública. Deve ter sido por isso que os legisladores estabeleceram a norma legal que proíbe este duplo papel. Como um secretário de Estado aceita defender um indivíduo acusado de tentativa de estupro de um menor? Ou um cliente que foi flagrado pela polícia como colecionador de objetos nazistas e cultuando Hitler, a ponto de ser filiado a um grupo inspirado na SS? Quem defende este pervertido que ocupa a Secretaria de Esporte e, pasmem, da Juventude! Causa perplexidade que este aspirante a uma futura vaga do Quinto Constitucional não veja conflito moral nesta dupla missão.

Alessandro Pitombeira Carracena também não teve conflito moral em atuar como advogado de um processo contra a pessoa física do ex-prefeito Marcelo Crivella que, meses antes, o havia nomeado secretário.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã