Os reflexos de um crime hediondo atingem o TCM-RJ
Por Cláudio Magnavita*
O Correio da Manhã já vinha questionando a indicação dos vereadores Dr. Jairinho e Thiago K para as duas vagas no Tribunal de Contas do Município. Por diversas vezes chamamos atenção para a pouca idade dos dois e a falta de uma bagagem para um cargo tão relevante e vitalício.
Virar conselheiro do TCM-RJ vinha sendo o objetivo dos parlamentares há meses. Atropelaram a experiente Rosa Fernandes, e a situação se complicou com a decisão do prefeito de indicar seu chefe de gabinete, David Carlos, para a vaga do ex-conselheiro José Moraes.
Para a vaga do presidente Thiers Montebello, a disputa seria entre os dois inseparáveis amigos. O prefeito Eduardo Paes já havia afirmado que o seu compromisso era com Thiago K, e que aguardaria uma composição entre eles.
Hoje, após as revelações que surpreenderam a todos, fica no ar uma questão: teria Dr. Jairinho o lastro moral de ocupar uma vaga na corte de contas da cidade?
Uma velha máxima aponta “diga-me com quem andas que te direi que és”. Ela se aplica à parceria de Thiago K e Dr. Jairinho no TCM-RJ. Foi dos dois, no fim de 2020, a manobra que devolveu a mensagem que indicava o procurador da corte escolhido por Crivella. Nesta equação incluiu também o futuro presidente do Tribunal, Luiz Guaraná, que está tão próximo de ambos que nomeou a namorada de Dr. Jairinho para uma assessoria fantasma, na qual ela ganhava R$ 14 mil mensais. Antes mesmo de entrar para a corte, a dupla já utilizava a sua estrutura.
Guaraná foi digno e, diante da prisão e das mensagens reveladas, demitiu Monique sumariamente. Corrigiu um erro grave.
O manto de suspeição, a prisão e as denúncias contaminaram o projeto que os dois vereadores construíram. Thiago K pagará o preço de confiar cegamente no amigo, a ponto de não perceber nenhum dolo.
A vaga do TCM-RJ deve ser preenchida por nomes notórios, que não estejam chamuscados por escândalos familiares ou fraternos.
Já o presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado, não pode permitir que a Casa também seja chamuscada.
Causará desconforto à sociedade ver que o projeto de Thiago K e de Dr. Jairinho, na questão do TCM-RJ, vingou em parte.
*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã