Para dar ainda mais visibilidade ao movimento Maio Amarelo, o grupo Correio da Manhã, com o apoio do Detran.RJ, preparou uma série de ações especiais visando a educação e conscientização para um trânsito mais seguro. “Além de trazer um grande prejuízo financeiro ao Estado, os acidentes de trânsito trazem danos irreparáveis às famílias. Boa parte dos acidentes são causados por falha humana e poderiam ser evitados por motoristas e pedestres mais conscientes de suas responsabilidades”, explica Marcos Salles, presidente do grupo Correio da Manhã.
Para pontuar a importância do Maio Amarelo e mostrar os reais motivos que motivam o Detran.RJ a criar ações de conscientização mais fortes a cada ano, a equipe do Correio da Manhã conversou com o presidente do Detran.RJ, Adolfo Konder. Com firmeza em suas palavras, ele pontuou a importância dos dez anos de envolvimento do órgão na luta por um trânsito mais seguro.
Correio da Manhã: Como surgiu o envolvimento do Detran com o Maio Amarelo?
Adolfo Konder: O Detran.RJ participa do Maio Amarelo desde o seu lançamento, há 10 anos. O movimento realça a importância da união de todos os setores e segmentos da sociedade para discutir o tema, engajar-se em ações e propagar o conhecimento. Conscientizando a todos para a segurança no trânsito, nas mais diferentes esferas, com o objetivo principal de salvar vidas. Portanto, é um movimento que busca envolver órgãos de todas as esferas governamentais, empresas, entidades de classe, associações, academia, federações e sociedade civil organizada.
CM: Qual a importância de trazer uma data que nasceu fora do Brasil, para dentro do país sendo vocês o principal órgão de trânsito?
AK: Estamos em plena Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2021-2030, lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com a ambiciosa meta de reduzir em pelo menos 50% das mortes e lesões no trânsito até 2030. O cenário é muito preocupante e tornam estes acidentes a principal causa de morte de crianças e jovens no mundo. Para reduzir esta catástrofe e chamar a atenção da população para o alto índice de mortes e feridos no trânsito no Brasil, realizamos diversas campanhas educativas que colocam em evidência o tema da segurança no trânsito. A partir de nossa expertise, nos propomos a mobilizar toda a sociedade para disseminar conhecimento e adotar novos comportamentos que garantam essa segurança para o cotidiano.
CM: Quais medidas o Detran-RJ tem tomado para promover o Maio Amarelo?
AK: Com a realização de uma série de ações educativas. Fazem parte de nosso calendário anual e são rotineiras, como as que acontecem durante o Carnaval, em período de volta às aulas, na época das férias que provoca um movimento mais intenso nas rodovias, entre outros. Mas é durante o Maio Amarelo que damos uma ênfase ainda maior ao processo de conscientização de motoristas e pedestres para ajudar a construir um trânsito mais seguro e de respeito a todos. Ao longo deste mês de maio, foram muitas “blitzes educativas” por vias de diversas regiões do Estado do Rio de Janeiro, distribuição de material informativo, entre outros. Tivemos um relevante fórum, intitulado “Responsabilidade e vida”, com a participação de diversos especialistas em trânsito, em parceria com a Fecomércio-RJ, que contou com a presença também de agentes de trânsito de muitos municípios fluminenses, fazendo com que a mensagem de conscientização e prevenção seja replicada por todo o Estado do Rio de Janeiro. Além disso, diversos monumentos relevantes de nosso Estado, como o Cristo, o Maracanã, a Igreja da Penha, além da própria sede do Detran.RJ, no Centro do Rio, ganharam uma iluminação especial amarela em alusão ao evento, chamando ainda mais a atenção da população.
Temos de enfatizar aqui a importância da municipalização do trânsito para aumentar a segurança viária e reduzir acidentes. Seguindo a orientação do governador Cláudio Castro, estamos reforçando nossas ações para o interior do Estado. Afinal, um Estado só é forte e justo quando atende a todos e em todos os lugares. Neste mês mesmo, por exemplo, concluímos um curso de formação de agentes de trânsito de sete municípios fluminenses: Barra do Piraí, Cachoeiras de Macacu, Itaocara, Mangaratiba, Maricá, Miguel Pereira e Vassouras. Já temos convênio com 83% das prefeituras do Estado do Rio para a administração do trânsito em suas cidades. E o desafio do Detran.RJ é estender esta parceria a todos os 92 municípios do estado. Nosso governador Cláudio Castro sempre diz que só existe um estado forte se houver um interior forte, uma Região Metropolitana forte, municípios fortes.
CM: De acordo com os dados da Secretaria de Estado de Saúde, em 2022, 8377 pessoas sofreram acidentes de trânsito, sendo que 80% das ocorrências envolviam motos. Qual seria a melhor forma de transformar este quadro e parar de vitimar tantos motociclistas?
AK: Como todo mundo já sabe, prevenir é melhor do que remediar... As campanhas educativas são a principal alternativa. As ações são voltadas para todos os motoristas e pedestres. Mas fizemos também mutirões especialmente planejados para atender motociclistas com exclusividade e sem necessidade de agendamento prévio. Oferecemos serviços de emissão e renovação de carteiras de habilitação e os relacionados às motocicletas, como transferência de propriedade, troca de placas, segunda via de CRV e primeira licença, entre outros. Nos postos selecionados, houve ainda distribuição gratuita de antenas de proteção contra linhas de pipa. Também foram entregues fôlderes com informações sobre uma linha de microcrédito oferecida pela Agência de Fomento do Rio (AgeRio), do Governo do Estado, exclusiva para motociclistas que trabalham com entrega de alimentos e outros itens.
Os mutirões fizeram parte da campanha “Entrega 5 estrelas”, realizada em parceria com a Fecomércio RJ e com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO). O objetivo é sempre ampliar a segurança no trânsito e prevenir acidentes envolvendo motofretistas e mototaxistas - profissionais que usam motocicletas para entregar produtos e transportar passageiros.
CM: Quantas pessoas são vítimas diretas de acidentes de trânsito diariamente no Rio de Janeiro?
AK: São cerca de 1.800 vítimas de trânsito no Estado do Rio de Janeiro, entre mortos e feridos. Um número alto e preocupante. E 90% das causas de acidentes ocorrem por falhas humanas. Além das constantes campanhas educativas já mencionadas, também fiscalizamos o trânsito intensamente: foram 3.768.836 multas aplicadas durante o ano passado aos maus motoristas do Rio de Janeiro.
CM: O tema da campanha de Maio Amarelo deste ano é “No trânsito, escolha a vida”. O que esta frase significa?
AK: Uma condição imperativa para que possamos viver em uma sociedade mais humana e justa. A máquina não pode se sobrepor à pessoa. Precisamos refletir muito sobre as graves consequências que a violência do trânsito acarreta. Pensando em uma escala global, em todo o mundo, cerca de 3,5 mil pessoas morrem todos os dias nas vias por causa de acidentes de trânsito. Significa quase 1,3 milhão de mortes consideradas evitáveis e cerca de 50 milhões de pessoas lesionadas a cada ano. Segundo a OMS, mais de 50 milhões de pessoas morreram em vias de todo o mundo desde a invenção do automóvel. O que significa um quantitativo maior do que o número de mortes na Primeira Guerra Mundial ou de algumas das piores epidemias, o que é inaceitável.
CM: Quais são as principais causas para acidentes de trânsitos a serem combatidas?
AK: As principais causas de acidentes, segundo o nosso setor de Estatística, são as seguintes: falta de atenção, velocidade acima do limite, não guardar distância de segurança para o outro veículo, defeito mecânico, desobediência à sinalização e ingestão de álcool. O que faz com que os acidentes sejam considerados de evitáveis.
A nossa preocupação é atender o cidadão da melhor forma, com serviços qualificados, mais ágeis e um atendimento especial para a população, como indicado pelo governador Cláudio Castro. Com as campanhas educativas, um dos pilares de nossa atuação, estamos combatendo as principais causas dos acidentes com a orientação e uma série de esclarecimentos aos motoristas e pedestres para fazermos, todos nós juntos, um trânsito mais seguro.
CM: Em sua 10ª edição, o Maio Amarelo, comparado aos primeiros anos de campanha, já alcançou quantas pessoas?
AK: A campanha do Movimento Maio Amarelo é bem complexa e abrangente. Atinge um número imenso de pessoas. Porque quando fazemos uma blitz educativa no trânsito de qualquer cidade do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, não estamos falando apenas com o motorista que está sendo abordado. Outros motoristas que passam e veem a ação também são impactados e no mesmo momento já adotam nova postura. O mesmo vale para os pedestres. Os que são abordados e os que estão passando são contemplados com as mensagem de orientação e de conscientização. Faixas, cartazes, fôlderes que são distribuídos alcançam um número inestimável da população. O fórum na Fecomércio-RJ, que contou com a participação de dezenas de municípios fluminenses, vai reverberar fortemente em outras cidades do Estado, pois os agentes de trânsito que estiveram conosco vão exatamente com a missão de educar outros pelo interior. E é um número cada vez mais crescente. Uma prova do êxito destas campanhas educativas é que o número de infrações cometidas caiu 34% de 2021 para 2022.
CM: Quantas pessoas no Rio de Janeiro são afetadas indiretamente pelas tragédias no trânsito?
AK: Infelizmente, muitas. Só no ano passado foram mais de 21 mil pessoas vítimas de acidentes de trânsito no Estado do Rio de Janeiro, contando as fatais e as feridas. Colisão é o tipo de sinistro que mais ocorre, seguida de atropelamento. A faixa etária mais atingida é de pessoas entre 18 e 29 anos. Indiretamente a quantidade de pessoas afetadas pelos acidentes é muito maior, pois atinge as famílias de uma forma geral: pais que perdem os filhos, mulheres que perdem o marido. É uma tragédia. Que estamos tentando reduzir com as ações educativas.
CM: O que é o Pnatrans? Quem pode fazer parte dele?
AK: O Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) foi regulamentado pela Resolução nº 870 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), em setembro de 2021, e tem a meta de reduzir à metade, em dez anos, o índice nacional de mortes no trânsito. O governador Cláudio Castro criou o Grupo de Trabalho para implementação do Pnatrans no Estado do Rio de Janeiro para integrar os diversos órgãos do Governo do Estado e os 92 municípios fluminenses para que seja possível cumprir os objetivos do Plano. Nosso Estado do Rio tem mais de 80% de seus municípios integrados ao Sistema Nacional de Trânsito. O Pnatrans está baseado em seis pilares: Gestão da Segurança no Trânsito; Vias Seguras; Segurança Veicular; Educação para o Trânsito; Atendimento às Vitimas e Normatização e Fiscalização. Juntos vamos vencer o desafio de reduzir a violência no trânsito no Estado do Rio e no país. Para isso, contaremos com a experiência de cada participante do Grupo de Trabalho do Pnatrans.
CM: Muitas campanhas para conscientizar a população usam pessoas que sofreram acidente ou que perderam pessoas da família em algum acidente. Qual é a importância de contar a história de pessoas afetadas indiretamente pelos acidentes? Não seria sensacionalista demais trazer pessoas reais para falar sobre o assunto?
AK: Quem poderia ser mais indicado para falar de uma situação específica do que alguém que vivenciou aquela experiência ou foi diretamente afetado pelo problema em si? A presença de cadeirantes durante a Operação Lei Seca, por exemplo, tem um efeito educativo muito poderoso e deixa os motoristas abordados muito impactados. É uma lição de vida que, com certeza, ajuda a salvar muitas outras. Lembrando que o Detran.RJ participa diretamente da Operação Lei Seca, que é considerada um case de sucesso inquestionável.
CM: O Detran é altamente conhecido como um local feito para multas e retirada de carteira de motorista. Contudo, o envolvimento com o Maio Amarelo demonstra que vocês são muito mais do que o citado anteriormente. Qual a importância institucional de um trabalho para mostrar essa imagem positiva do órgão?
AK: O Detran.RJ tem uma responsabilidade muito grande junto à população do Estado do Rio de Janeiro. São cerca de 2 milhões de documentos emitidos anualmente, como a Carteira Nacional de Habilitação, a carteira de identidade, todos os documentos referentes a veículos, entre outras medidas. Entretanto, as ações educativas já mencionadas acima, que tornam os cidadãos mais conscientes e ajudam a construir um trânsito mais seguro, fazem parte de nossas iniciativas de grande importância também.
CM: Deixe uma mensagem de conscientização para os nossos leitores nesse Maio Amarelo.
AK: Se cada um fizer a sua parte, respeitar a legislação, atuar de forma mais consciente e dirigir com mais prudência, vamos dar um importante passo para alcançar o objetivo de reduzir mortes e lesões no trânsito, em alinhamento com a Nova Década de Segurança no Trânsito e ajudar a construir uma sociedade mais harmoniosa. A mobilidade está presente na vida de todos. Por ser uma atividade tão corriqueira e universal, precisamos estar com olhos cada vez mais atentos para que ela não produza tantos acidentes e mortes como as citadas no alto deste texto. E não se esqueça: No trânsito, escolha a vida.