Eletronuclear garante continuidade de Angra 3

Empresa afirma que tocará a obra com previsão de término em 2028

Por Sônia Paes

Usina de complexo nuclear em Angra é religada

Por Sônia Paes

A conclusão da usina nuclear Angra 3 não sofrerá qualquer mudança por não ter sido incluída no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), segundo informações da Eletronuclear, dadas com exclusividade ao Correio da Manhã. Os cerca de R$ 20 bilhões necessários para o término da obra serão obtidos por meio de um pool de instituições em condições de mercado e pago pela venda da energia gerada pela usina, conforme estabelecido no artigo 13 da Lei 14.120. A estruturação financeira da captação dos recursos para a conclusão do empreendimento ficará à cargo do do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Até o final do ano, haverá nova licitação para contratar a empresa ou o consórcio que vai finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina, via um contrato de EPC - sigla em inglês para engenharia, gestão de compras e construção. O índice atual de conclusão do empreendimento é de 65% e a expectativa é de que Angra 3 entre em operação no final de 2028.

A Eletronuclear ressalta que Angra 3 é importante pelo fato do grau de confiabilidade e por ajudar a garantir segurança de abastecimento para o sistema elétrico brasileiro. A geração da unidade será suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas. Com a entrada da planta em operação, a energia gerada pela central nuclear de Angra será equivalente a aproximadamente 60% do consumo do estado do Rio e 3% do consumo do Brasil.

A Eletronuclear destaca ainda que a usina também vai diversificar a matriz elétrica e reduzir os custos totais do Sistema Interligado Nacional (SIN), na medida em que substituirá a energia mais cara de térmicas que é frequentemente despachada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). "Angra 3 vai gerar energia limpa, pois usinas nucleares não emitem gases responsáveis pelo efeito estufa, ao contrário das termelétricas movidas a combustíveis fósseis. A usina terá impacto ambiental mínimo", diz a empresa.

Outro ponto relevante é a proximidade do complexo nuclear com os principais centros de consumo do país, o que contribuirá para evitar congestionamentos nas interligações entre os subsistemas. A construção da unidade também é fundamental para dar escala a toda a cadeia produtiva do setor nuclear brasileiro, da produção de combustível à geração de energia.

Imbróglio na Justiça

Atualmente as obras estão paradas por causa de uma briga que a Eletronuclear a Prefeitura de Angra dos Reis travam na Justiça. Em abril, a prefeitura embargou a construção, alegando que houve uma mudança no projeto urbanístico de Angra 3, que ficou em desacordo com a proposta inicialmente aprovada pelo governo municipal.

A empresa conseguiu então uma liminar para dar prosseguimento ao trabalho, mas, na semana passada, a 2ª Vara Cível da Comarca de Angra dos Reis revogou a liminar. A Eletronuclear já anunciou que recorrerá da decisão na Justiça e administrativamente junto à Prefeitura de Angra.

Angra 2 por mais 20 anos

Paralelo ao projeto de Angra 3, a Eletronuclear trabalha para obter a renovação da Licença de Operação de Angra 1 até 2044 e permitir que a primeira usina nuclear do país opere por mais 20 anos. A empresa já está entregando à CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) os documentos solicitados, ainda neste mês, e a previsão para conclusão desta etapa é dezembro deste ano.

Em relação ao Ibama, houve três reuniões sobre o tema. Angra 1 está incluída na Licença de Operação da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), que tem validade até março de 2024. Toda a documentação para a renovação será entregue até outubro de 2023 ao órgão.

Os valores do PAC destinados aos investimentos em Angra 1 estão compatíveis com as necessidades do projeto. Ao todo, cerca de 200 pessoas trabalham diretamente nos projetos.