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Greve contra privatização em SP divide a opinião de passageiros

Movimentação no final da tarde desta terça na estação Pinheiros | Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

A diretoria do Sindicato dos Metroviários de São Paulo decidiu não estender a greve de 24 horas, deflagrada à meia-noite de terça-feira (3). A proposta ainda seria votada na noite de ontem, assim como a própria manutenção. Até o fechamento desta edição, não havia atualizações.

A greve, em conjunto com a CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) e com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), foi realizada contra os projetos de privatização do governo paulista e divide opiniões.

No centro da disputa entre grevistas e governo está o planejamento, considerado estratégico na proposta do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o estado, de repassar serviços públicos à iniciativa privada. Os planos para o Metrô, a CPTM e a Sabesp estão em estágios de maturidade diferentes.

Sabesp

A venda da Sabesp é o projeto mais avançado até agora. O governo quer enviar o projeto de lei da privatização ainda neste mês e espera aprová-lo até o fim do ano. Hoje, o governo controla a empresa e tem 50,3% do seu capital social. O restante das ações é negociado na Bolsa de Valores de São Paulo e na de Nova York.

A intenção é vender participação do governo na empresa e ficar com menos da metade das cotas, ou seja, repassando a administração para o setor privado.

CPTM

Já em relação à CPTM, o governo encomendou um estudo para privatizar todas as linhas que hoje são administradas diretamente pela empresa pública. Já existe um edital publicado para a concessão da linha 7-rubi e a sua concessão já está marcada, pois faz parte do processo de reativar a antiga conexão férrea entre São Paulo e Campinas, o Trem Intercidades. Após um adiamento, a previsão é que o leilão seja feito em fevereiro de 2024.

Paralelamente, há o estudo em andamento para a concessão das linhas 10-turquesa, 11-coral, 12-safira e 13-jade. O governo estima que o investimento seja de R$ 5,5 bilhões caso a concessão vingue, e há a previsão no projeto de que a linha 13 tenha novas estações.

Essas linhas funcionariam no mesmo modelo de operação hoje em vigor nas linhas 8-diamante e 9-esmeralda, com administração de uma empresa privada e a fiscalização do poder público. Esse exemplo atrai a maior parte das críticas de funcionários e usuários, pois desde a concessão para a ViaMobilidade houve um aumento de casos de descarrilamento e outros tipos de falha.

Metrô

No Metrô, planos já estão em andamento. Está prevista a concessão dos serviços de atendimento ao público nas estações, hoje feito por servidores públicos, e da manutenção da linha 15-prata. Os dois pregões estão agendados para este mês.

Além disso, Tarcísio já manifestou intenção de privatizar a operação das quatro linhas públicas do Metrô -1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata-. Oficialmente, o processo de estudo para essas concessões ainda não teve início.

Enquanto isso, os sindicatos e a oposição a Tarcísio defendem que a população seja consultada diretamente sobre as privatizações. Metroviários, ferroviários e funcionários da Sabesp realizam um plebiscito independente sobre as concessões de linhas, e pede que o governador oficialize a consulta.

Opiniões

A greve divide a opinião de quem depende do funcionamento dos trens e do metrô para chegar ao trabalho.

Próximo às escadas que dão acesso à estação Corinthians-Itaquera, da linha 3-vermelha do metrô, o conferente de logística José Rosimar da Silva 45, ouvia o discurso de militantes. "A greve atrapalha sim, mas concordo com a reivindicação", disse ele, que avaliava maneiras de chegar ao trabalho, em Embu das Artes.

"Se estão reivindicando, deve ser porque [a privatização] é ruim para o povo", opinou a auxiliar de limpeza Viviane Pinheiro, 38. Por outro lado, ela disse que não concorda completamente com a greve, pelas dificuldades criadas à população.

"Eu ouvi dizer que ia ter greve, sim, mas a gente não pode parar, o patrão não quer saber", queixava-se o carpinteiro José Avelar, 57, diante do portão metálico que bloqueava o acesso às catracas. Ele se disse favorável à privatização do transporte sobre trilhos e contou que tem como referência de qualidade a linha 4-amarela, de administração privada. "Funciona muito melhor e a gente não fica sujeito a esse tipo de paralisação".

Com informações de Tulio Kruse, Leonardo Zvarick e Lucas Lacerda (Folhapress)

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