'Todas as Forças de Segurança permanecem nas ruas do Rio'
Governador Cláudio Castro faz reunião no Centro Integrado de Comando e Controle
Ogovernador Cláudio Castro se reuniu com lideranças das Forças de Segurança do Estado do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (24), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova. O objetivo foi monitorar as ações integradas que acontecem em toda a cidade do Rio desde a tarde de segunda, em combate a atos denominados pelo governador como terroristas.
"Estou desde ontem monitorando de perto as ações que ocorrem em toda a cidade do Rio para reprimir atos que dificultem o direito de ir e vir da população. Estamos asfixiando o crime organizado, essa é a resposta do Estado para atos violentos como os ocorridos ontem. Elaboramos um plano de contingência para reprimir esses criminosos. Dos doze detidos pelos ataques aos ônibus, seis tiveram a prisão confirmada, com indício de autoria. Outros seis foram liberados por falta de provas. As investigações continuam e vamos prender todos esses criminosos. A Polícia Civil agiu dentro da técnica", declarou o governador Cláudio Castro.
Uma ação integrada entre as polícias Militar, Civil, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil restabeleceu a segurança em bairros da Zona Oeste do Rio, após os episódios de violência ocorridos como consequência da prisão do miliciano Matheus Silva Rezende, sobrinho de Zinho - chefe da maior milícia do Rio de Janeiro.
"Desde as primeiras horas de hoje, 80% da frota de ônibus está circulando normalmente. Assim como trens e departamentos de saúde, como clínicas da família, também estão funcionando", ressaltou Castro.
O governador Cláudio Castro destacou ainda que o Governo do Estado está em estado máximo de alerta e que a orientação dada é para que todas as Forças de Segurança permaneçam nas ruas, com helicópteros, drones, viaturas e agentes, para garantir a normalidade e tranquilidade da população.
BRTs lotados
Um dia após os ataques, passageiros do transporte público ainda sofriam nesta terça-feira (24) com coletivos lotados.
Havia BRTs (ônibus articulados) lotados e filas para embarque no Terminal Alvorada, o mais importante da zona oeste, nesta manhã. Passageiros cruzaram no caminho com carcaças de ônibus queimados no dia anterior.
Os ataques ao transporte público resultaram em prejuízo financeiro de cerca de R$ 35 milhões para as empresas, além de dificultar a mobilidade da população. Cada ônibus demora seis meses para ser reposto.
Usuária do transporte público, Sara Ferreira, 26, conta que na noite de segunda-feira (23) estranhou ao ver estações de BRT fechadas.
A recepcionista conta que a mãe levou horas para retornar para casa. "Minha mãe trabalha no Recreio dos Bandeirantes. Normalmente, ela volta às 18h. Ontem, ela chegou quase 22h porque estava tudo parado e um caos", relata.
Renata Laudadio, 37, teve de ir nesta terça ao centro de Santa Cruz, bairro que mais teve ônibus incendiados, para pegar a condução para o trabalho em Copacabana.
"Quando eu vim, vi um monte de carcaça de ônibus queimado e também tinha muita polícia nas ruas", diz.
Conceição da Silva, 41, mora em Queimados, cidade na região metropolitana do Rio. A cozinheira conta que a volta para casa na segunda foi caótica. "O trânsito estava confuso e muito congestionado. Na Barra, o metrô estava lotado. Mas hoje foi mais tranquilo."
Iago Nery, 24, não conseguiu retornar para casa como de costume. Ele mora na Cidade de Deus, uma comunidade também na zona oeste e trabalha no Vidigal, na zona sul.
"Estava tudo fechado e tive de pegar uma condução que vai pela praia. Estava muito complicado voltar, mas, graças a Deus, consegui", diz o auxiliar de serviços gerais.
Para Beatriz Nóbrega, 28, que já enfrenta horas no trânsito para chegar ao trabalho na Lapa (na região central), o dia foi mais extenso. A atriz não conseguiu voltar para casa, em Campo Grande (também na zona oeste), e teve de ir dormir na casa da mãe.
"O trem, no ramal Santa Cruz, estava com intervalo irregular. Decidi ir de ônibus, que também fiquei esperando uns 40 minutos. Geralmente, tem ônibus de 10 em 10 minutos. Fiquei com medo e fui dormir na casa da minha mãe, em Duque de Caxias [na região metropolitana]".
Com informações de Igor Soares (Folhapress)