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Com 205 medalhas, Brasil tem sua melhor campanha dos Pans

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Por Beatriz Cesarini e Guilherme Padin (Folhapress)

O Brasil terminou os jogos Pan-Americanos de Santiago em segundo lugar no quadro de medalhas. Foram 205 conquistadas — 66 de ouro, 73 de prata e 66 de bronze. O país alcançou o objetivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de repetir o segundo lugar na classificação —assim como fizera em Lima, há quatro anos. No Peru, porém, foram 171 medalhas ao todo (55 de ouro, 45 de prata e 71 de bronze). Neste ano o Brasil ganhou, portanto, 34 medalhas a mais. Foi o melhor desempenho do país na história dos Pans.

Algumas vieram de forma totalmente inesperada, como a prata no beisebol masculino — a Colômbia ficou com o ouro, mas, na trajetória, o Brasil venceu Cuba, potência no esporte. O Brasil também ganhou o bronze na pelota basca, esporte completamente desconhecido por aqui, com um atleta que nunca pisou no país. Filipe Otheguy nasceu no País Basco francês, mas tem mãe brasileira.

Nas modalidades como um todo, o Brasil se destacou na natação (27 medalhas, juntando com a maratona aquática), no atletismo (23 medalhas) e no judô (16), entre outras. No tênis de mesa, Hugo Calderano ficou com o ouro na disputa de simples e o Brasil também foi campeão por equipes no masculino.

Além das competições em si, os Jogos Pan-Americanos classificam atletas para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024 — caso da tenista Laura Pigossi, ouro em Santiago, e do time de handebol feminino, por exemplo. A edição também foi a despedida de alguns atletas, como Isaquías Queiroz, da canoagem, que ganhou a prata em Santiago, e da boxeadora Bia Ferreira, que foi ouro.

Mulheres em alta

O protagonismo das mulheres se notou nos números: dos 66 ouros brasileiros, 33 foram conquistados por elas, 30 por eles e três por equipes mistas.

Dos 205 pódios, 95 foram das mulheres, 92 dos homens e 18 por times mistos. Somente na ginástica somadas a rítmica, a artística e a de trampolim , foram dez ouros das brasileiras, 11 pratas e dois bronzes.

A judoca Rafaela Silva chegou a Santiago com sede de ouro. A ela não faltava quase nada na carreira: já havia sido campeã nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, e de dois Mundiais, em 2022 e 2023.

Até no Pan Rafaela já tinha ganhado um ouro: após vencer em Lima-2019, teve a medalha retirada por doping, decisão da qual discordou veementemente. A edição deste ano, portanto, se tornou especial. Sem a vitória de quatro anos atrás, voltar aos Jogos e reconquistar o ouro era questão de honra.

Venceu bem a panamenha Kristine Jimenez nas quartas de final, a colombiana Maria Villalba nas semis. Instantes antes da final, a feição decidida de Rafaela já indicava seu destino: com 'sangue nos olhos', ela não perderia a decisão. Diante de Brisa Gómez, a brasileira aplicou um wazari com 13 segundos de luta, e, logo depois, o ippon após mais um wazari.

Ali, sem dar chances à argentina, assegurou a medalha da mesma cor daquela que havia perdido pelo doping.

"Acredito que tenha sido a medalha da justiça. As pessoas acompanharam um pouco minha história: eu conquistei a minha medalha em 2019 dentro do tatame e acabei perdendo ela fora dele. A conquista, para mim, significa conseguir colocar uma folha em branco em cima. Estou aqui reescrevendo minha história novamente e feliz por reconquistar a medalha que tiraram de mim", disse Rafaela Silva.

Estrela brasileira dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Rayssa Leal, a Fadinha, deu o pontapé para a melhor campanha da história do Time Brasil em Pans.

"Eu não tenho palavras para descrever o que estou sentindo agora. Estou muito feliz com tudo o que estamos conquistando esse ano. Eu e a Pâmela pudemos representar muito bem o Brasil. A ficha não caiu ainda", afirmou Rayssa.

Ginástica domina

Hegemonia maior não se viu em Santiago: as atletas da ginástica rítmica brasileira ganharam todas as competições que disputaram no Pan.

Nas cinco categorias individuais, Bárbara Domingos ganhou três ouros (individual geral, bola e fita), e Maria Eduarda Alexandre, dois (arco e maças). Ainda houve espaço para quatro pratas (Bárbara Domingos, duas vezes, Geovanna Santos e Maria Eduarda Alexandre) e um bronze (Maria Eduarda Alexandre).Nos grupos, os três ouros em disputa também foram para o Brasil: 3 fitas e 2 bolas, 5 arcos e grupo geral.

Rebeca Andrade, da ginástica artística foi aos Jogos de 2023 como a estrela do Pan. Com um rótulo assim, não poderia fazer feio. E não fez: a cada categoria disputada, uma nova medalha dourada ou prateada. Foi assim a participação da ginasta em Santiago.

Sem a presença da norte-americana Simone Biles, Rebeca chegou com favoritismo, disputou quatro competições e foi ao pódio em todas elas. No salto, com direito a uma apresentação histórica, e na trave, conquistou o ouro. Nas barras assimétricas e na prova por equipes, faturou a prata.

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