Presidente do BRB vai à CLDF, mas nem tudo fica esclarecido

Distritais avaliam encontro como positivo, mas nem todos os questionamentos foram respondidos

Por Gabriela Gallo

Presidente do BRB esteve com os deputados distritais, em reunião fechada na segunda-feira (13)

Após polêmicas financeiras envolvendo o Banco de Brasília (BRB), o presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, se reuniu com os 24 deputados distritais da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para esclarecer questionamentos sobre o prejuízo milionário do banco. O encontro aconteceu na manhã desta segunda-feira (13) em uma reunião fechada para preservar possíveis informações de interesse para acionistas.

Ao final da reunião, que durou cinco horas, Paulo Costa declarou à imprensa que considerou o encontro positivo e se comprometeu a apresentar relatórios sobre a situação financeira do banco, através de encontros regulares com os deputados distritais.

Dúvidas

O presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz (MDB), afirmou que a Câmara Legislativa aceitou de imediato a proposta de encontros regulares com o BRB. “Essa interlocução entre o banco e a Câmara legislativa vai facilitar até para que haja um melhor entendimento da população do DF”.

Ao Correio da Manhã, o líder da minoria na CLDF, deputado distrital Gabriel Magno (PT), considera que o encontrou "foi uma boa reunião”, mas que nem tudo ficou esclarecido.

“O presidente Paulo Costa se mostrou muito preparado e conseguiu explicar a maior parte das questões que envolveram a divulgação do balanço. Também foi bem recebida pelos parlamentares a intenção de aumentar os processos de transparência da instituição”, declarou à reportagem.

No entanto, ele pontuou que alguns questionamentos ficaram pendentes de maiores detalhes. “O aluguel do prédio CNC [Confederação Nacional do Comércio], as parcerias com o Flamengo, a relação do banco com a empresa Genial Investimentos, que é suspeita de envolvimento em irregularidades no Iprev [Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal], e a falta de certidão negativa emitida pelo Banco Central. São temas que precisamos esclarecer e que vamos perguntar por meio de ofícios à direção do BRB”, detalhou o parlamentar.

Em 2020, o BRB mudou sua sede e fechou um contrato, sem licitação, de R$ 276 milhões com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) para o aluguel de duas torres do complexo da entidade. Na época, o banco argumentou que estava ampliando o negócio e reunindo as áreas de tecnologia e inovação da instituição financeira em um local. O contrato chegou a ser suspenso, mas depois a decisão foi revogada.

Polêmica

Nas últimas semanas, o BRB registrou um prejuízo de R$ 455 milhões, em decorrência do cartão de crédito virtual Nação BRB Fla. O Banco de Brasília é o patrocinador do Flamengo e lançou o cartão digital exclusivo para torcedores do time. Em princípio, o banco argumentava que sua estratégia tinha rendido lucros. Segundo o último balanço da instituição financeira, o banco “fechou setembro com 7,3 milhões de clientes, sendo que 3,5 milhões são do Nação BRB FLA”. De acordo com o banco, esse total de clientes representa que o BRB está presente em 93% de todo o território nacional.

Porém, o Banco Central (BC) determinou que o BRB refizesse os balanços de 2022 e 2023, por lançamentos indevidos de receitas. O impacto dessa mudança registrou que o banco, ao contrário do alegado, teve um prejuízo de R$ 455 milhões, em decorrência do cartão de crédito virtual Nação BRB Fla. O prejuízo aconteceu devido à alta taxa de inadimplência dos cartões, ou seja, clientes do cartão virtual que não pagaram suas dívidas.

A preocupação é que o BRB é um banco público de economia mista, ou seja, ele é controlado pelo Governo do Distrito Federal (GDF), mas é organizado sob a forma de banco múltiplo. Portanto, já que a instituição financeira trabalha com recurso de terceiro, ele tem que usar recursos públicos do GDF para resolver o problema.