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Atos marcam o fim de semana

Apoiadores, senadores e deputados se reuniram em Copacabana | Foto: Saulo Angelo/Thenews2/Folhapress

Odomingo ficou marcado por protestos pelo país inteiro contra a indicação de Flávio Dino para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e em memória de Cleriston Pereira da Cunha, réu pelos ataques de 8 de janeiro que morreu no Complexo Penitenciário da Papuda. Os atos foram convocados, ao longo da semana, por parlamentares de direita e por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Dino e o procurador Paulo Gonet, indicado por Lula à Procuradoria-Geral da República (PGR), serão sabatinados simultaneamente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na próxima quarta-feira (13). A expectativa é que a análise em plenário ocorra em seguida, no próprio dia 13 ou no dia seguinte, 14.

Em São Paulo, o ato aconteceu na Avenida Paulista, entre a rua Peixoto Gomide e o Masp. Além de faixas contra a indicação do ministro, havia também as já tradicionais faixas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e a favor do voto impresso.

O deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) discursou contra o centrão e pediu mais protestos. Segundo ele, o Executivo e o Judiciário estão formando "um plano ditatorial para o Brasil".

Em Brasília, o ato na Esplanada dos Ministérios teve a presença de parlamentares como Nikolas Ferreira (PL-MG), André Fernandes (PL-CE), Gustavo Gayer (PL-GO), Eduardo Girão (Novo-CE), Jorge Seif (PL-SC), Magno Malta (PL-ES) e Marcel Van Hattem (Novo). Eles subiram no carro de som e endossaram as pautas do evento.

O senador Magno Malta fez um discurso com críticas à Dino pelo comunismo e homenagem a Cleriston, comparando-o a Vladmir Herzog, morto na ditadura militar, ao citar que ambos morreram na tutela do Estado. Ele ressaltou que muitos veículos de informação tratariam os protestos como um fiasco, mas que eles valeriam, mesmo que reunissem apenas duas pessoas.

Já o senador Eduardo Girão citou uma "guerra espiritual" e criticou Dino por supostamente usar a magistratura para o sindicalismo. "A guerra que nós estamos vivendo é política, cultural, mas sobretudo espiritual. Quem está no comando é Deus. Eu peço a vocês que até o dia 13, que não foi por acaso, que oremos de joelhos pedindo a intervenção de Deus para que o senadores ao votarem pensem nos próximos 26 anos de quem vai ficar nessa nação", disse.

O senador Jorge Seif (PL-SC) aproveitou o protesto para fazer campanha do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) para a Prefeitura de São Paulo. "O atual prefeito de São Paulo não quer votos dos patriotas para se reeleger? Cadê ele?, disse. "São Paulo vai votar em Ricardo, mas Ricardo Salles", disse.

Ao menos 50 policiais militares trabalharam na segurança da manifestação, formando uma linha de contenção preventiva entre os militantes e o Congresso Nacional, com auxílio de uma barreira de grades de metal. Não houve tentativas de furar o bloqueio.

No alto do veículo, havia uma bandeira de Israel e uma faixa em prol da liberação do coronel Jorge Eduardo Naime, policial preso há mais tempo pelo 8 de janeiro, sob acusação de omissão. Os organizadores, inclusive, pediram uma "caixinha" para bancar o Natal dos que continuam presos.

No Rio de Janeiro, os atos foram na Avenida Atlântica, em frente ao novo Museu de Imagem e Som. Em Belo Horizonte, a manifestação ocorreu na Praça da Liberdade. Os participantes pediram o fim das indicações políticas para a Suprema Corte.

Nas redes sociais, políticos de esquerda debocharam dos atos. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) disse ter sido "um vexame" que reuniu apenas "meia dúzia de gado pingado" em Brasília.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e alguns parlamentares e governadores bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), porém, estão na Argentina, neste domingo, acompanhando a posse do presidente eleito Javier Milei.

Outros atos ao
longo do ano

No domingo passado, os manifestantes ocuparam as duas pistas da avenida Paulista na extensão de um quarteirão e meio. Eles entoaram críticas a Lula, chamado de "ladrão", e a Alexandre de Moraes, relator dos casos relacionados ao 8 de janeiro no STF.

Ao longo deste ano, a população promoveu, em 7 de setembro e 12 de outubro, atos com bandeiras da direita e do conservadorismo. Em ambas as datas, concentrações em diferentes cidades tiveram público reduzido, baixa adesão da classe política e repercussão tímida.

Em 15 de novembro voltaram às ruas no feriado da Proclamação da República em protestos também esvaziados — em São Paulo, apenas um sentido da avenida Paulista foi bloqueado para o trânsito. Nesse dia, os atos foram afetados pela onda de calor.

Já em 2022, as manifestações tiveram adesão superior, impulsionados pela contestação do resultado das urnas.

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