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Milei promete dias duros no início: 'não há dinheiro'

"Nova onda" vem sendo considerada com a vitória de Javier Milei na Argentina | Foto: Gobierno de Paraguay/Fotos Públicas

Por Rudolfo Lago

"Recebemos o país em ruínas". Assim o novo presidente da Argentina, Javier Milei, resumiu a situação que, na sua concepção, o país herdará dos anos de peronismo e kirchnerismo anteriores. Para uma grande multidão de argentinos, que ocuparam todos os espaços dentre a praça em frente ao Congresso Nacional, onde Milei foi empossado, até todo o percurso até a Casa Rosada, sede do governo, o novo presidente disse que não há alternativa além de um profundo ajuste e um choque fiscal para retira o país da sua atual situação de endividamento e hiperinflação. "Prefiro dizer verdades que mentiras confortáveis", discursou Milei. E, então, admitiu que os primeiros dias após o choque fiscal que pretende implementar, deverão ser duros. "Infelizmente, não há dinheiro", concluiu.

"Hoje, começa uma nova era na Argentina", afirmou o novo presidente. Milei comparou o que classificou como "um ponto de virada na história" à queda do Muro de Berlim, que dividia até 1989 a Alemanha em dois países, a Ocidental, capitalista, e a Oriental, socialista. "É o fim de um período trágico", comparou.

Interrompido por aplausos e palavras de ordem em vários momentos (um deles lembrava um que é usado pelos petistas para Lula: "Olê, olê, olê, olê, Milei, Milei), Milei afirmou que fará um ajuste fiscal na economia do país de cinco pontos do Produto interno Bruto. "Os encargos serão do Estado, não da iniciativa privada", afirmou. Isso, reconheceu, deverá produzir "tempos duros" no início. "Vamos lutar com unhas e dentes para erradicar a inflação", prometeu. "Não vai ser fácil. Cem anos de fracasso não serão desfeitos em um dia", discursou. "Mas um dia começa, e hoje é o dia".

Economia

Ao prepagar a necessidade de um grande choque fiscal, Milei refere-se à grave situação econômica da Argentina. O país tem uma inflação acumulada nos últimos 12 meses de 142,7%. Cerca de 40% da população do pais vive em estado de pobreza e há 10% de indigentes.

"Que fique muito claro: nenhum governo recebeu uma herança pior do que estamos recebendo", afirmou o novo presidente argentino. Sobre os primeiros dias de dificuldades após o ajuste fiscal, Milei afirmou: "Não há alternativa ao ajuste e ao choque. Naturalmente, isso impactará de forma negativa sobre a atividade de emprego, no salário real, na quantidade de pobres e indigentes. Terá inflação, mas nada diferente do que vimos nos últimos 12 anos. Esse é o último remédio amargo para começar a reconstrução da Argentina. Haverá luz no fim do túnel", disse à multidão argentina.

Bolsonaro

Colocado ao lado dos chefes de Estado convidados para a posse (além de Zelenski, os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou; do Paraguai, Santiago Peña; do Equador, Daniel Noboa; do Chile, Gabriel Boric; da Hungria, Viktor Orbán, e o rei da Espanha, Felipe VI), o ex-presidente Jair Bolsonaro também ganhou os aplausos da multidão em frente ao Congresso.

Bolsonaro foi à posse de Milei acompanhado de seus filhos - o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) -, dos governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).

Bolsonaro aposta na vitória de Milei como ponto de inflexão de nova guinada conservadora no mundo, que irá se concretizar com uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos no ano que vem.

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