Vinhos da Espanha de olho no mercado brasileiro

FENAVIN, maior feira de vinhos da Espanha, aposta no Brasil, apresentando sua agenda no Copacabana Palace

Por Reinaldo Paes Barreto

Miguel Ángel Valverde, Presidente da FENAVIN concedeu entrevista ao Correio

A FENAVIN- Feira Nacional del Vino, promoveu recentemente, dois eventos, em São Paulo e Rio de Janeiro respectivamente, para apresentação da próxima edição da feira. Para a ocasião veio ao Brasil o Sr. Miguel Ángel Valverde, Presidente da Excelentíssima Diputación Provincial de Ciudad Real, equivalente no Brasil a um governador de estado, e também Presidente da FENAVIN, acompanhado de dirigentes locais. No Rio o evento aconteceu nos belos salões do Copacabana Palace, que recebeu convidados do trade do vinho, que puderam conhecer a feira, e provar vinhos espanhóis.

A edição 2023 da Fenavin marcou 20 anos do evento e ocupou 30 mil metros quadrados recebeu 5.734 expositores e 117 mil visitantes, todos profissionais do setor. Destes, mais de 19 mil eram compradores, sendo mais de 14 mil compradores espanhóis e mais de mil internacionais, vindos de 100 países.

Em uma conversa exclusiva com o Correio da Manhã, Miguel Angel Valverde, presidente da feira, falou das oportunidades de negócios que a feira oferece ao importador brasileiro e sobre o ponto forte do evento, sua organização e criação de um ambiente propício e facilitado para fechamento de negócios.

Correio da Manhã - Sr. Valverde, boa tarde. Para começar, por favor, nos fale um pouco da FENAVIN?

Miguel Ángel Valverde - A Fenavin é a maior feira de vinhos da Espanha, uma referência para o negócio do vinho espanhol, reconhecida ao não apenas em nosso país, mas na Europa e, em várias partes do mundo, como no Brasil, por exemplo, que tem participado já há alguns anos.

CM - Quais os diferenciais desta feira em relação as demais e as facilidades para quem deseja participar da FENAVIN?

MÁV - Para início, é a única feira deste porte, em que o visitante encontrará 99% de produtores espanhóis. Some-se a isso o nosso acompanhamento, atendimento e gestão desde o deslocamento dos participantes estrangeiros ou de outras regiões da Espanha, até o pavilhão da feira. Isto é, reserva de voos, uma vez em Ciudad Real, reserva de hotéis, traslado em ônibus especiais, e apoio logístico se surgirem quaisquer necessidades (médicos etc). Além de todas as facilidades pré-evento que disponibilizamos em nosso portal.

CM - Bom, para encerrar este capítulo da FENAVIN, quais os números da grande feira?

MÁV - São quase 2 mil expositores, de cerca de 100 países, com a participação de quase 2 mil bodegas e cooperativas. Mas é também uma excelente oportunidade para fazer contatos, que podem ser estabelecidos por agenda eletrônica com mais de um expositor, ou "face to face", tudo via internet. Além das conversas com outros expositores, nos espaços das exposições.

CM - Então é um evento com permanente suporte de TI e demais facilidades tecnológicas?

MÁV - Claro. E mais: há um serviço de informações nos principais idiomas, com tradução simultânea ao alcance de todos, e acesso por tablets, smartphones e/ou através dos atendentes, individualmente. Podem ser feito pré-agendamentos, consultas, preparar tudo para que efetivamente se faça bons negócios na feira, otimizando o tempo.

CM - Agora, antes ainda de passarmos para as expectativas da sua visita a São Paulo, a Brasília e ao Rio, fale da sua região, por favor?

MÁV - Ciudad Real, no centro da Espanha, pertence à Província Castilla-La Mancha, uma das principais regiões produtoras de vinho do país e que possui a maior quantidade parreiras, em área plantada, do mundo. E não é de hoje. Os primeiros registros das vinhas e vinhos da região, datam do século 12, e temos quase certeza que plantados pelos romanos. Estamos a apenas uma hora de Madrid.

CM - E o clima da região?

MÁV - Muito favorável para a produção de bons vinhos, porque além do terroir em si, conta a favor a amplitude térmica. São verões extremamente quentes e invernos gelados, com temperaturas que chegam a 15º negativos.

CM - E quais os tipos de vinhos mais produzidos?

MÁV - Produzimos vinhos tranquilos, vinhos tintos, brancos e rosés, e também vinhos espumantes. São vinhos com D.O., vinhos regionais, vinhos varietais e até a granel.

CM - E quais as castas mais cultivadas?

MÁV - Brancas, as Airén, Viura, Sauvignon Blanc e Chardonnay. E tintas, as Tempranillo (que na região é conhecida como "Cencibel"), Syrah, Grenache, Cabernet Sauvigon e Merlot.

CM - Bom, agora, Sr. Valverde, fale um pouco dos objetivos de sua visita e de autoridades da região e da FENAVIN ao Brasil?

MÁV - Sr. Paes Barreto, eu e os meus diretores estamos muito felizes com esta oportunidade de encontrar importadores e comerciantes de vinhos no Rio, como já encontramos em São Paulo e em Brasília. E isso porque considerando o potencial do mercado brasileiro, cada dia mais interessado em vinhos de qualidade e variedade, mas ainda, com um consumo per capita bastante baixo, achamos que os nossos produtos têm competitividade para concorrer com os vinhos chilenos, argentinos e portugueses, para ficar nos importados mais vendidos no mercado brasileiro.

CM - Através da FENAVIN?

MÁV - Sim e não. Claro que podemos estabelecer contatos "B to B, mas temos a certeza que sendo a FENAVIN a maior feira de vinhos da Espanha, como já disse, e que está cada vez mais aparelhada para mostrar o que se produz e quem é quem no mundo do comércio de vinhos, sempre oferecerá melhores oportunidades de exposição aos importadores e comerciantes brasileiros. Como os de outros países, evidentemente.

CM - Algum palpite - com a sua experiência - para o mercado futuro dos vinhos espanhóis, e os de sua região, no mercado brasileiro?

MÁV - Sim, estamos muito otimistas com a concretização do Acordo entre o Mercosul e a União Europeia, porque a abertura dessa nova fronteira tarifária irá beneficiar os dois polos: os que vendem, e os que compram. E, por via de consequência, os consumidores, sobretudo de vinhos europeus, e sobretudo os nossos, de Ciudad Real - Castilla - La Mancha.

E, por fim, acreditamos que esta visita e esta entrevista, irão incentivar cada vez mais e mais importadores brasileiros a participarem presencialmente da próxima FENAVAN.