Por: Gabriela Gallo

Ano começa com desafios econômicos para governo federal

Redução da inflação e juros também estão entre desafios | Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O primeiro ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi marcado por mudanças na área econômica do governo. Nas últimas semanas de dezembro, após 30 anos, a reforma tributária foi aprovada e promulgada no Congresso Nacional. Outra vitória para o governo foi a aprovação do arcabouço fiscal como substituto ao modelo do teto de gastos.

Para o economista Benito Salomão, 2023 foi um ano “razoavelmente bom” para a economia. “Nós teremos um crescimento econômico em torno de 2,9%, 3%, não se sabe ainda. Mas um ano que vai crescer 3%, na média dos últimos 10 anos, talvez esse tenha sido o melhor ano da última década”, ele classificou.

Porém, ele reforçou que ainda é prematuro afirmar que esse saldo positivo permaneça no ano seguinte, em especial com o andamento do agronegócio. “Há um movimento de desaceleração dessa economia que vem acontecendo. Nós ainda não sabemos como o agronegócio vai performar, como essa exacerbação dos problemas climáticos vai repercutir na produção de grãos no Brasil, sobretudo na região Centro-Oeste. O agro tem sido uma locomotiva muito importante nesses últimos 10 anos, mas há alguns problemas como escassez de chuva e o excesso de chuva em outras regiões do país que podem prejudicar o resultado”, explicou Salomão.

Ele ainda pontuou que a agenda econômica deste ano deve levar em consideração as eleições municipais.

“Para o ano de 2024, nós temos que ver qual vai ser a sequência da agenda econômica que o governo vai propor. Se virar uma reforma tributária sobre impostos diretos, como eles disseram, é um ano eleitoral, então o calendário legislativo tende a funcionar até no máximo o meio do ano. Nós temos que ver qual vai ser a agenda que o governo vai propor em 2024, isso ainda não está claro”, pontuou o economista.

Obstáculos

O economista especialista em macroeconomia Newton Marques considera que “2024 será um ano de muitos desafios para o governo federal”.

“É preciso regulamentar a reforma tributária e há ainda o desafio de praticar o orçamento público visando o déficit zero. E, pelas discussões que estão acontecendo no Congresso, o governo vai ter praticamente um orçamento impositivo e não autorizativo, o que também vai ser outro desafio”, ele destacou em conversa ao Correio da Manhã.

Newton Marques também afirmou que outros desafios para o segundo ano do mandato de Lula são “a própria redução da inflação, bem como a redução da taxa básica de juros e a retomada da atividade econômica”.

Na véspera do Natal, em 22 de dezembro, Fernando Haddad declarou que o governo fechará o ano de 2023 com um déficit em torno de R$ 130 bilhões, ou 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O valor é pior do que expectativa do ministro, que seria de um rombo abaixo de R$ 100 bilhões, mas é melhor que o previsto em lei, que autoriza um déficit de até R$ 230 bilhões.

Segundo o ministro, o rombo considera, por exemplo, uma compensação de R$ 20 bilhões a estados pelas perdas com a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, telecomunicações e energia, durante o governo Jair Bolsonaro. No entanto, ela não engloba um pagamento de R$ 90 bilhões em precatórios. que está atrasado. Mesmo assim, ele enfatizou que o governo continuará buscando o equilíbrio fiscal.

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