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'Educação Parental' quer revolucionar a próxima geração

A 'Educação Parental' visa reeducar pais e responsáveis na hora de criar a molecada por meio da empatia e do respeito | Foto: Reprodução/ InterAgir

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Priscilla Montes, educadora parental | Foto: Divulgação
Por Pedro Sobreiro

A sociedade vem evoluindo cada vez mais, trazendo para o debate diversos temas enraizados no cotidiano, por mais absurdos que possam ser. Dentre eles, um que vem rendendo muita discussão é a Educação Parental, que sugere aos pais uma nova perspectiva na hora de criar os filhos e vem despertando cada vez mais curiosidade em pais, mães e profissionais que buscam se especializar na área.

"O próprio nome já diz, né? Educar pares ou educar pais. Então, é reeducar para educar. É aprender ao mesmo tempo em que se oferece um novo tipo de educação. A educação parental vem como uma revolução na forma de educar os nossos filhos. É uma mudança na perspectiva, sob a qual fomos criados, de uma educação autoritária. Na verdade, é uma mudança nos dois extremos, entre a autoritária e a educação permissiva. A educação respeitosa vem como um caminho do meio, para acabar com a violência e a agressividade dando voz para a criança. Ela se sente parte dessa família e, de fato, se sente um ser humano. Ela tem suas opiniões validadas, o que traz mais saúde emocional com um ar mais pacífico. A educação parental vem como uma desconstrução, principalmente nos adultos, para se reeducarem e conseguirem educar seres humanos sem violência e ameaças. Uma educadora parental ajuda a trazer esse novo olhar e dá suporte para as famílias", explica Priscilla Montes, educadora parental certificada pela Positive Discipline Association (PDA).

Priscilla revelou que a Educação Parental entrou em sua vida como uma forma de aprendizado pessoal, quando percebeu que precisava de ajuda e orientação na hora de tornar a relação com seu filho Gael, hoje com seis anos, mais saudável.

"Quando me tornei mãe, achava que sabia o que fazer para educar esse ser humano. Então, me preparei, mas de uma forma muito prática e voltada para questões mais superficiais da maternidade, como comprar chupeta, cama compartilhada, planejar horários de amamentação. No entanto, não me preparei para definir que tipo de ser humano eu queria oferecer ao mundo", afirmou.

Compromisso

Com o tempo dedicado ao estudo, Priscilla percebeu que estava reproduzindo comportamentos autoritários que exigiam demais da criança, podendo criar uma pessoa insegura. Segundo a especialista, essa autocrítica é um processo fundamental para os responsáveis que queiram embarcar no processo da educação parental. É necessários se abrir para uma jornada ao próprio passado e entender o que vivenciou na infância para repetir ou não com sua cria.

"O primeiro passo da educação parental é entender que esse processo só vai acontecer se o interessado estiver disponível para essa mudança e para se desconstruir. A gente só consegue educar o outro de uma forma diferente da que a gente foi educado se revisitarmos nossos passados. A pessoa vai precisar trabalhar suas crenças, seus traumas, a educação que ela teve... Vai precisar olhar para tudo que aconteceu com ela e ver o que não deseja repetir, para acolher e trabalhar internamente qualquer trauma que ela tiver vivenciado. A neurociência já está à favor da Educação Parental, trazendo artigos e muitas pesquisas para comprovar os benefícios dessa nova educação para o desenvolvimento da criança e a melhora da saúde emocional do adulto", explicou.

Dedicação

Com o bom desenvolvimento de Gael, Priscilla passou a praticar o que aprendia nos cursos em sua própria casa e decidiu compartilhar essas 'descobertas' de uma maternidade mais empática nas redes sociais. Para sua surpresa, sua vontade de mostrar ao mundo o que tinha mudado sua vida começou a dialogar diretamente com vários pais e mães pelo país. O resultado foi tão positivo que ela abandonou a advocacia para transformar seu aprendizado pessoal em profissão.

"O conteúdo começou a fazer sucesso e crescer nas redes sociais, então decidi me especializar", explicou.

Para os interessados no estudo completo da educação parental, já existem cursos e disciplinas complementares em universidades que podem ser acessados.

"Existem cursos hoje em dia em que o interessado estuda a disciplina positiva, que é uma porta de entrada muito grande para a educação respeitosa, que tem várias vertentes. A disciplina positiva é uma dessas vertentes e a primeira que começa a estudar. Existem vários livros, existem cursos para você se especializar em educação parental - e em disciplina positiva. E já há também várias pós-graduações para estudar desenvolvimento infantil, neurociência infantil, traumatologia... O interessado começa estudando o pilar da disciplina positiva, que ajuda a virar a chave, e depois começa a aprofundar na educação respeitosa", concluiu Priscilla Montes.

Por mais que ainda sofra resistência dos mais conservadores, a educação parental vem crescendo no Brasil, e não faz mal trabalhar a empatia para tornar os lares ambientes mais saudáveis.

 

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